Introdução: As alterações hemodinâmicas frente ao esforço, são diferentes entre os sexos. Investigar o papel de novos marcadores para entender o papel do sistema autonômico na doença cardiovascular, se faz necessário. O prejuízo na redução da frequência cardíaca (FC) na recuperação após o esforço, principalmente no primeiro e no segundo minuto, está associado a maior mortalidade cardiovascular.
Objetivo: Investigar se os valores de delta da FC de recuperação após o teste ergométrico são diferentes entre homens e mulheres.
Métodos: 282 indivíduos, 107 mulheres e 175 homens, foram submetidos ao teste ergométrico em esteira. Os critérios de inclusão foram: idade entre 18 e 59 anos, executar um protocolo Ellestad de pelo menos 6 minutos, alcançando, ao menos 85% da FC máxima para a idade. Foram considerados critério de exclusão: o uso de medicamentos ou o diagnóstico de doenças crônicas, cirurgia, internação ou sintomas de doença cardiovascular. Todos os testes foram realizados no mesmo ambiente, pela mesma equipe. A FC, a pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) foram aferidas no repouso, no pico do esforço e no primeiro, segundo, quarto e sexto minuto da recuperação. O delta da FC na recuperação foi calculado pela subtração da FC máxima pela FC do primeiro, segundo, quarto e sexto minuto da recuperação.
Resultados: Não houve diferença entre a idade dos grupos estudados. O peso, a altura, o índice de massa corpórea e a circunferência abdominal foram maiores nos homens (p<0,0001). A FC de repouso estava menor nos homens (p<0,0001). A FC máxima, prevista para a idade e a FC de recuperação no primeiro, segundo, quarto e sexto minuto, foram iguais entre os grupos estudados. A PAS e a PAD no repouso, máxima e em todos os momentos da recuperação estavam maiores nos homens (p<0,001). Conforme esperado, o tempo de teste, foi maior nos homens (p=0,0237). O valor de delta da FC do primeiro minuto da recuperação foi menor nos homens (p=0,0374), enquanto, no segundo, quarto e sexto minuto não diferiram entre os grupos estudados.
Conclusão: O delta do primeiro minuto da FC de recuperação é menor nos homens, podendo, essa diferença, evidenciar um importante fator de risco cardiovascular nessa população. Documentar e seguir essa variável, se faz necessário para o acompanhamento do paciente na rotina clínica cardiológica e na estratificação de risco.