Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) afeta o neurodesenvolvimento, podendo levar ao aumento do peso corporal, menor adesão à atividade física, comportamentos estereotipados e a disfunção autonômica. Diante desse cenário, a investigação de abordagens farmacológicas e não farmacológicas é essencial para melhorar a qualidade de vida dessa população. Objetivo: Investigar os efeitos do canabidiol (CBD) e do treinamento físico aeróbico (TFA) sobre o peso corporal, capacidade física, hemodinâmica e sensibilidade barorreflexa em um modelo experimental de TEA. Métodos: Foram utilizadas 16 ratas Wistar fêmeas, distribuídas em três grupos: Controle (GC=6), Autismo + CBD (GAC=5) e Autismo + TFA (GAT=5). A indução do TEA foi realizada por exposição pré-natal ao ácido valpróico (600 mg/kg, intraperitoneal, no dia 12,5 da gestação). O tratamento envolveu administração de CBD (20 mg/kg, gavagem) e TFA em esteira (1h/dia de forma progressiva, com intensidade de 50~70% da velocidade máxima), cinco vezes por semana durante oito semanas. Foram avaliados peso corporal, capacidade física (teste de esforço máximo), parâmetros hemodinâmicos (pressão arterial e frequência cardíaca) e sensibilidade barorreflexa. A análise estatística utilizou ANOVA seguida do teste de Tukey, com significância de 5% (CEUA-USJT 100/2023; CEUA-UNIFESP 3689250424). Resultados: Todos os grupos apresentaram aumento no peso corporal ao longo do protocolo, sem diferenças entre eles. No entanto, o GAC (97,2±4,2 g) e o GAT (96,2±4,6 g) iniciaram o experimento com peso corporal maior em comparação ao GC (85,2±8,8 g). No tempo de corrida, os grupos não apresentaram diferenças no início do protocolo, porém, na 4ª semana e ao final do protocolo, o GAT (18,5±1,3; 25,8±2,7 min) aumentou esse tempo em relação o GC (16,3±0,4; 15,5±0,7 min) e o GAC (14,7±1,3; 16,9±1,4 min). Não foram observadas diferenças entre os grupos na pressão arterial (PAM: GC: 113,4±13,5; GAC: 120,9±23,6; GAT: 114,9±8,8 mmHg) e na frequência cardíaca (GC: 358,5±30,3; GAC: 403,0±59,9; GAT: 377,7±17,0 bpm). Da mesma forma, não houve diferenças nas respostas bradicárdicas (GC: -1,10±0,42; GAC: -1,14±0,47; GAT: -2,59±1,19 bpm/mmHg) e taquicárdicas (GC: -2,33±0,31; GAC: -2,17±0,81; GAT: -3,60±1,50 bpm/mmHg) reflexas. Conclusão: O TFA promoveu melhora na capacidade física, mas não em parâmetros de peso corporal, hemodinâmicos e do barorreflexo. O aumento da capacidade física pode favorecer a autonomia, o bem-estar e a participação em atividades diárias, reforçando o potencial do treinamento físico como estratégia complementar.