Introdução: Ações para melhorar o autocuidado de pacientes com insuficiência cardíaca (IC), prevenir hospitalizações devido à descompensação da IC e melhorar a qualidade de vida são essenciais. Diante disso, os programas de manejo da IC constituem uma abordagem eficaz para o cuidado do paciente, visando melhorar a adesão ao regime terapêutico proposto. Esses programas devem promover mudanças no estilo de vida e garantir a melhoria do autocuidado e do conhecimento sobre a doença. Objetivo: Analisar o impacto de um programa de cuidados na melhoria da congestão e do autocuidado em pacientes com IC. Método: Trata-se de um estudo piloto de um ensaio clínico randomizado e controlado, registrado no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos sob o número RBR-8dymr8 e orientado pela lista de verificação CONSORT. O estudo foi conduzido em seis hospitais do Nordeste do Brasil. Foram incluídos todos os pacientes internados devido à descompensação da IC. As ações de autocuidado foram avaliadas por um instrumento validado, e a congestão foi mensurada pelo escore clínico de congestão. Amostras para a medição do NT-proBNP foram coletadas na alta hospitalar e 60 dias depois. O grupo intervenção (GI, n=21) recebeu orientações específicas para a alta fornecidas pelos pesquisadores. Após a alta, o GI recebeu visitas domiciliares após 7, 30 e 60 dias. Os pacientes do grupo controle (GC, n=30) receberam apenas as orientações padrão de cada instituição no momento da alta e apenas uma visita domiciliar após 60 dias. Os pacientes de ambos os grupos receberam acompanhamento telefônico 15 e 45 dias após a alta hospitalar. O estudo foi aprovado pelo CEP da Universidade Federal de Sergipe. Resultados: Não foram observadas diferenças entre os grupos em relação às características clínicas. No GI, houve uma redução de 81% (0,29 [IC95% 0,05, 1,53]; p=0,14) na congestão entre as visitas domiciliares, quando comparado ao GC, e um aumento de 20 pontos (IC95% 7,6, 32; p=0,0021) no autocuidado entre as visitas domiciliares quando comparado ao GC. Os pacientes do GI tiveram 23,9 vezes mais chances de estarem em autocuidado adequado (IC95% 1,86-308; p=0,015) entre as visitas domiciliares quando comparados ao GC. Não houve diferença significativa entre os grupos nos níveis de NT-proBNP avaliados na alta e 60 dias depois. Conclusão: Neste estudo, o uso de um conjunto de orientações direcionadas, associado a visitas domiciliares e contato telefônico, foi capaz de reduzir a congestão e melhorar o autocuidado dos pacientes com IC.