Introdução: O jejum prolongado pode desencadear desfechos deletérios, tanto metabólicos quanto relacionados ao conforto do paciente. O desconforto subjetivo gerado pelo jejum, como sede intensa, fome e ansiedade, impacta negativamente a experiência do paciente no pós-operatório imediato. Objetivo: Fomentar a abreviação do jejum em cirurgia cardíaca frente ao desconforto de sede relatado por pacientes que não tiveram o jejum abreviado. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, realizado com 15 pacientes submetidos à cirurgia eletiva de revascularização do miocárdio (RM) e que não realizaram a abreviação de jejum, internados entre outubro de 2024 e fevereiro de 2025 em um hospital público de referência em cardiologia em São Paulo. Foram coletados idade, identificação biológica, classificação nutricional baseada no índice de massa corporal (IMC) e a percepção de sede utilizando pontuações de 0 a 10 por meio da Escala Visual Analógica (EVA), onde as notas de 0 a 2 corresponde à sede leve, de 3 a 7 sede moderada e de 8 a 10 sede intensa. Resultados: Dos 15 pacientes incluídos no estudo, a idade média foi de 60 anos, variando de 48 a 74 anos. Desses, 53% (n=8) eram adultos e 47% (n=7) eram idosos. A maioria dos pacientes era do sexo masculino, representando 73% (n=11) da amostra. Em relação ao IMC, 40% (n=6) eram eutróficos, 27% (n=4) tinham sobrepeso, 27% (n=4) obesidade e 6% (n=1) baixo peso. A percepção de sede foi predominantemente intensa, com a pontuação média na EVA de 8 pontos, variando de 3 a 10. A maioria dos pacientes (73%; n=11) que classificaram a sede como intensa, 46% (n=5) atribuíram nota máxima (10), 27% (n=3) deram nota 9 e 27% (n=3) nota 8. Apenas 27% (n=4) relataram sede moderada e nenhum paciente relatou sede leve. Conclusão: Os resultados mostram que a sede no pós-operatório é um sintoma com alta prevalência entre os pacientes submetidos à cirurgia de RM sem a abreviação do jejum, sendo frequentemente descrita como intensa. Esses achados reforçam as evidências da literatura sobre os impactos negativos do jejum prolongado na experiência do paciente. Diante disso, a adoção da abreviação do jejum conforme recomendado por diretrizes atuais, deve ser incentivada no contexto da cirurgia cardíaca para mitigar esses efeitos, favorecendo maior conforto no pós-operatório.