Introdução: A ansiedade é um dos grandes desafios durante o atendimento odontológico. Em especial, os procedimentos cirúrgicos podem gerar alterações emocionais, como medo e ansiedade, afetando diretamente o tratamento, levando a possibilidade inclusive, de ocorrerem emergências odontológicas. Objetivo: Relatar o caso clínico de uma paciente sem alterações sistêmicas dignas de nota, porém no momento do atendimento, apresentava o valor da pressão arterial significativamente elevado. Caso clínico: Mulher, 62 anos, foi encaminhada a um centro especializado em diagnóstico bucal, pelo clínico geral, para a investigação de lesão nodular em mucosa jugal. Ao exame físico intraoral, foi identificado nódulo normocorado, regular, séssil, com superfície lisa, localizado em mucosa jugal do lado direito, medindo 1,5 x 1,5 x 1,0 cm. Paciente refere aproximadamente 1 ano de evolução, sem dor associada, surgimento relacionado à prótese total mal-adaptada e não fazer uso de medicamentos. O diagnóstico presuntivo foi de hiperplasia fibrosa focal. Optou-se por biópsia excisional da lesão sob anestesia local, utilizando bisturi. A paciente apresentava pressão arterial (PA) de 190/140mmHg, razão pela qual optou-se por encaminhar a paciente ao cardiologista, para investigação diagnóstica de hipertensão. A paciente retornou com a avaliação e exame de Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA), evidenciando que durante 24h a sua PA se comportava de maneira normal, se mantendo na faixa de 130/80mmHg. Biópsia excisional do nódulo em mucosa jugal foi realizada e, no início do procedimento, apresentava PA de 190/130mmHg e ao final do procedimento, que teve duração aproximada de 30 minutos, para qual a PA imediatamente após o procedimento era de 200/140mmHg. O procedimento ocorreu sem intercorrências. A amostra foi encaminhada para análise histopatológica. A prescrição de Dipirona sódica 1000mg foi feita para cada 6 horas, por 3 dias. No pós-operatório de 7 dias, a ferida apresentava reparação tecidual adequada, ausência de sangramentos, sem sinais e sintomas de infecção secundária. O resultado da análise anatomopatológica evidenciou epitélio hiperplásico hiperqueratinizado sustentado por tecido conjuntivo denso, com infiltrado inflamatório associado, compatível com hiperplasia fibrosa focal. Conclusão: A hipertensão mascarada deve ser avaliada em parceria entre cirurgião-dentista e cardiologista, através da avaliação clínica e MAPA. Este diagnóstico favorece o estabelecimento de estratégias para atendimento em cirurgia oral com segurança.