Introdução: A baixa capacidade funcional e a fragilidade podem impactar os resultados da cirurgia cardíaca (CC), mas os estudos existentes normalmente avaliam essas condições separadamente, sem explorar seu efeito combinado nos resultados adversos. Objetivo: Avaliar o impacto combinado da baixa capacidade funcional e da fragilidade nas complicações pós-cirúrgicas em pacientes submetidos à CC. Métodos: Estudo prospectivo e longitudinal realizado em um hospital privado. A amostra incluiu indivíduos de ambos os sexos, com idade ≥18 anos, com indicação de cirurgia cardíaca eletiva convencional. A capacidade funcional foi mensurada pelo teste Short Physical Performance Battery (SPPB) e a fragilidade foi avaliada pela Clinical Frailty Scale (CFS) em dois momentos: antes da cirurgia (M0) e na alta hospitalar (M1). Além disso, desenvolvemos uma pontuação considerando o valor obtido pelo teste SPPB subtraído pelo valor da escala CFS para cada participante. Os indivíduos foram acompanhados durante todo o período de internação e foram registrados o desenvolvimento de complicações pós-cirúrgicas, tempo de internação e mortalidade. Resultados: 68 participantes foram incluídos neste estudo (idade: 60,4±11,7 anos, 53,2% do sexo masculino). A baixa capacidade funcional no M0 foi observada em 20,6% dos participantes e 18,8% apresentaram pré-fragilidade ou fragilidade. A prevalência combinada de baixa capacidade funcional e fragilidade foi de 17,6%. Ao comparar M0 e M1, foi possível observar declínio da capacidade funcional pelo SPPB (8,4±2,0 vs 6,4±2,1 p<0,001) e aumento do escore CFS (2 [1-3] vs 2 [2-4], p<0,001). O tempo de internação foi maior nos indivíduos com baixa capacidade funcional e fragilidade (p<0,001). Entre os pacientes com complicações pós-cirúrgicas, 30,6% apresentaram baixa capacidade funcional e fragilidade. Indivíduos com complicações apresentaram menor escore de subtração do SPPB-CFS em comparação àqueles sem complicações (p=0,028). A combinação de baixa capacidade funcional e fragilidade com complicações pós-cirúrgicas não foi estatisticamente significativa nos modelos de regressão logística. Conclusão: A combinação de baixa capacidade funcional e fragilidade não foi associada a complicações pós-cirúrgicas em pacientes submetidos à CC.