Introdução: O Serviço de Navegação de Pacientes (SNP) como uma estratégia para reduzir barreiras ao cuidado. Pacientes com complexas necessidades de saúde vivenciam fragmentação e lacunas na prestação de serviços, associadas a barreiras sociais, tecnológicas, administrativas, gerenciais e burocráticas durante o seu trajeto na Rede de Atenção à Saúde (RAS).
Apesar dos resultados positivos alcançados na exploração do impacto da navegação do paciente, até onde sabemos, não há relatos de implementação da navegação destinado ao atendimento de pacientes em pré-operatório de cirurgia cardiovascular (CCV) adulto.
Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência observacional com abordagem quali-quantitativa, baseado na análise de desempenho do SNP no ano de 2024. Tais dados foram organizados e analisados no Microsoft Excel mediante a construção de gráficos. Foi utilizado cálculo de estatística descritiva para análise.
Ressalta-se que o SNP foi implantado de maneira pioneira na alta complexidade em cardiologia, com foco nos pacientes em pré-operatório de CCV.
Resultados: Notou-se que as barreiras assistenciais estão intimamente vinculadas ao prolongamento de tempo de internação (TI), expondo o usuário ao aumento dos riscos relacionados ao processo de internação hospitalar. Este SNP atende um hospital de referência estadual com aproximadamente 250 leitos, entre: clínicos, cirúrgicos, de emergência cardiológica, terapia intensiva adulto, pediátrica, neonatal e unidade coronariana, que realiza em média 14 cirurgias cardíacas adulto por semana. Outro dado relevante para este processo é a média de 25,9 leitos em pré-op de CCV.
Análise: As principais barreiras assistências que prolongaram o TI foram: o tempo de suspensão de dupla antiagregação plaquetária (∆T +5 e 7 dias), indisponibilidade de balão intra-aórtico (∆T +10 dias), IRAS (∆T +7 dias), complicações hematológicas (∆T +9 dias), tratamento odontológico, direcionado ao preparo pré-operatório para cardiopatias valvares, da aorta e congênitas (∆T +7 dias).
Conclusão: Notamos que anteriormente à implantação do serviço em julho de 2024, o tempo médio de pré-operatório era de 15,1 dias, com pico de 19 dias janeiro. Após a implantação do serviço, apenas com intervenções estritamente ligadas ao processo assistencial, pôde-se obter uma média de 12,6 dias de pré-operatório. Desta forma, mesmo que preliminarmente, entendemos que o potencial de intervenção da navegação de pacientes em cardiologia resulta em impactos observáveis à qualidade do assistência.