Durante a gestação, a exposição materna a poluentes atmosféricos pode afetar o desenvolvimento fetal, mas o exercício físico atenua esses prejuízos. Em modelos experimentais expostos a altos níveis de material particulado atmosférico, observa-se menor capacidade contrátil e aumento do perfil pró-inflamatório, além de maior estresse oxidativo muscular. O efeito do exercício físico sobre o tecido muscular da prole de mães expostas à poluição do ar ainda é incerto. Este estudo avaliou o efeito do treinamento aeróbico (TA) sobre o perfil inflamatório e de estresse oxidativo muscular na prole de ratos Wistar cujas mães foram expostas à poluição do ar na gestação. Foram utilizadas 5 fêmeas e 2 machos para cópula. Após a confirmação da monta, as genitoras foram expostas à poluição em concentrador de partículas. A prole foi alocada em seis grupos experimentais (n=6-8): Machos Controle (MC), Machos Expostos (ME), Machos Expostos Treinados (MTE), Fêmeas Controle (FC), Fêmeas Expostas (FE) e Fêmeas Expostas Treinadas (FTE). O TA foi realizado pelos grupos MTE e FTE, com intensidade moderada, por 8 semanas. O tecido muscular foi analisado para parâmetros inflamatórios (IL-6, IL-10, TNF-alfa) e de estresse oxidativo (peróxido de hidrogênio, NADPH-Oxidase, carbonilas, TBARS). A exposição materna à poluição não alterou o desempenho no teste de esforço da prole. Ao final do protocolo, houve aumento do grupo MTE em relação aos grupos MC (p=0,01) e ME (p<0,01), assim como do grupo FTE em comparação aos grupos FC (p<0,01) e FE (p=0,02). Nos parâmetros inflamatórios, não houve diferenças na IL-6, mas observou-se redução da IL-10 no grupo FE comparado a FC e FTE (FE: 20,9±3,62 vs. FC: 37,5±14,9 e FTE: 25,1±5,96 pg/ml). Houve aumento de TNF-alfa no grupo ME comparado a MET e FE (FE:4,33±2,54 vs. FC:10,7±6,07 e FTE:3,65±1,92 pg/ml). Quanto ao estresse oxidativo, o peróxido de hidrogênio estava reduzido no grupo MTE comparado ao ME (MTE: 1,78±0,50 vs. ME:1,90±0,68 µg/g), bem como no grupo FTE comparado ao FE (FTE: 1,14±0,29 vs. FE:1,39±0,67 µg/g). A capacidade antioxidante não enzimática aumentou em FTE vs. FE (FE:0,034±0,039 vs. FC:0,117±0,043 e FTE: 0,086±0,016 mM Fe(II)). Concluindo, a exposição materna ao PM2.5 induziu prejuízos precoces nos perfis inflamatório e de estresse oxidativo muscular da prole, sem afetar a capacidade de exercício. Entretanto, o TA atenuou esses efeitos negativos e melhorou a capacidade de exercício. Os achados sugerem que um estilo de vida fisicamente ativo pode proteger a prole de prejuízos musculares induzidos pela exposição materna à poluição.