INTRODUÇÃO
As neoplasias apresentam escalada contínua. Assim, é recorrente o anseio por medicamentos eficazes em combater as neoplasias. Dentre os quimioterápicos, a doxorrubicina (DOXO), da classe das antraciclinas, interrompe a replicação celular culminando na morte celular tumoral. Entretanto, a DOXO tem efeitos adversos, como cardiotoxicidade que pode evoluir para insuficiência cardíaca (IC). Diante a esse cenário, o objetivo desse trabalho é caracterizar modificações morfofuncionais do ventrículo esquerdo (VE) consequentes à administração intravenosa (IV) e intraperitoneal (IP) de DOXO em ratas.
MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais da Unifesp (CEUA nº 4864090622). Ratas Fisher-EPM foram alocadas em grupos experimentais conforme a via e dose de administração do fármaco: Grupo IV – Foi administrado cloridrato de DOXO (via veia caudal) à 6 mg/kg de peso corporal por semana (1x/semana) ao longo de 12 semanas até atingir a dose cumulativa de 72 mg/kg. Grupo IP – Foi administrado cloridrato de DOXO (IP) à 6 mg/kg de peso corporal por semana (1x/semana) ao longo de 12 semanas até totalizar 72 mg/kg de dose cumulativa. Grupo Sham – Foi administrado solução salina (0,9% NaCl) simulando a injeção de DOXO (IP) 1x/semana, ao longo de 12 semanas. Após o protocolo experimental, os animais dos três grupos foram sujeitos às análises funcionais cardíacas e biométricas para caracterizar a presença de disfunção do VE. Os dados foram comparados com ANOVA duas vias (pós-teste de Newman-Keuls) e são expressos como média ± desvio padrão da média.
RESULTADOS
Como ilustrado na Tabela 1, os estudos ecocardiográfico e hemodinâmico revelaram maior severidade do remodelamento cardíaco no grupo IP, que evolui com patente disfunção sistólica e diastólica e maior área ventricular ao final de 17 semanas. A doxorrubicina promoveu aumento da massa cardíaca e teor de água pulmonar independente da via de ministração. Acresça-se que a atividade da caspase-3 foi aumentada no miocárdio, com mais evidencia no grupo IV, o que indica aumento de apoptose. Não identificamos maior estresse oxidativo no miocárdio, como indicado pelos níveis similares de malondialdeído entre os grupos experimentais.
CONCLUSÃO
A insuficiência cardíaca despertada pela doxorrubicina é evidente somente com a ministração intraperitoneal da antraciclina.