Introdução: A Fibrilação Atrial (FA) é a arritmia mais comum na prática clínica, gerando grande impacto na saúde pública por sua alta morbimortalidade. A carga global da FA tem crescido substancialmente, as projeções indicam que o número de pessoas afetadas pela FA continuará a crescer, aumentando a sobrecarga sobre os sistemas de saúde. Como resultado da natureza complexa, progressão, composição genética inerente e heterogeneidade, acredita-se que os tratamentos personalizados para as Doenças Cardiovasculares (DCVs), com o foco na saúde de precisão, se façam necessários. Objetivo: Desenvolver um protocolo de atendimento multidisciplinar fundamentado no uso de inteligência artificial e aprendizado de máquina para geração de novos entendimentos sobre a FA, com análise preditiva de dados clínicos, eletrocardiográficos e genéticos. Método: Trata-se de um estudo metodológico que versou sobre a elaboração de um protocolo de atendimento para predição de risco de desenvolver a FA, em ambulatório de cardiologia, na cidade de Recife, Pernambuco. Foram utilizadas técnicas de inteligência artificial e de aprendizado de máquina (machine learning - ML), o que pode levar a novos insights sobre a identificação precoce da FA, possibilitando tratamentos mais personalizados através de análise preditiva e triagem genética avançada. Resultados: O protocolo desenvolvido foi organizado em 3 fases, sendo elas 1. acolhimento do paciente, onde ocorre a coleta de dados clínicos, a realização de eletrocardiograma (ECG) e a coleta de sangue (para extração de DNA e detecção dos polimorfismos); 2. consulta multidisciplinar, consulta com enfermeiro, médico e biomédico; 3. reavaliação semestral, onde o ECG é feito novamente, além de avaliação clínica. A detecção precoce e o manejo adequado são essenciais para reduzir as complicações, mas requerem investimentos em educação, infraestrutura e acesso a cuidados de saúde. Assim, 75% das DCVs prematuras poderiam ser evitadas com uma maior compreensão dos fatores de risco e das doenças genéticas associadas. Conclusões: A FA está associada a um risco aumentado de eventos adversos e o seu manejo representa um fardo econômico significativo. Apesar dos avanços nos tratamentos, muitos casos de FA permanecem subdiagnosticados ou inadequadamente gerenciados, especialmente em populações vulneráveis. A detecção precoce ou identificação da probabilidade de desenvolver a doença, pode ser feita pela equipe multidisciplinar, com o enfoque na melhoria da qualidade de vida e no melhor gerenciamento da sua condição de saúde-doença.