Introdução
A Insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica complexa. Tal síndrome pode ser causada por alterações estruturais ou funcionais cardíacas e caracteriza-se por sinais e sintomas típicos, que resultam da redução no débito cardíaco.
Apesar de avanços na terapêutica da IC, a síndrome mantém-se como patologia grave, afetando, no mundo, milhões de pessoas. A IC pode ser determinada, dentre algumas classificações, de acordo com a fração de ejeção (reduzida, levemente reduzida, melhorada e preservada). Pacientes com IC de Fração de Ejeção Reduzida possuem maiores evidências científicas para sucesso em sua terapia, objetivando melhor qualidade de vida e redução no número de reinternações. O tratamento farmacológico base consiste atualmente em quádrupla terapia – Inibidor de Enzima Conversora de Angiotensina (IECA) ou Bloqueador de Receptor de Angiotensinogênio (BRA) ou Inibidor do Receptor da Angiotensina e Neprilisina (INRA); Betabloqueador; Antagonista Mineralocorticoide e os Inibidores do Cotransportador de sódio-glicose-2 (iSGLT2) na abordagem inicial, além das diversas terapias adicionais, que podem desempenhar papel relevante no manejo desses pacientes.
O farmacêutico tem papel fundamental no acompanhamento desses pacientes, realizando orientações sobre o tratamento e monitoramento, que podem gerar intervenções para otimização da terapia e orientações em saúde garantindo as melhores práticas do cuidado e adesão ao tratamento.
Métodos
Foram analisados os dados de prontuário eletrônico de 124 pacientes, com idade média de 74 anos, que tivessem CID10 Código I50, internados com Fração de Ejeção do Ventrículo Esquerdo <40% em um hospital privado da cidade de São Paulo – SP, entre janeiro e dezembro de 2024.
Resultados
Neste estudo foi observado que 66% dos pacientes não faziam uso prévio de terapia quádrupla, mas 50% destes tinham alta hospitalar com a prescrição otimizada. Após análise e acompanhamento farmacêutico dos outros 50% dos pacientes, quase 70% não toleravam uso de Antagonista Mineralocorticoide ou iSGLT2 por distúrbios renais ou infecções urinárias.
Das intervenções realizadas, 67% foram aceitas. Os 33% de não aceitabilidade estavam relacionadas as contraindicações citadas.
Conclusão
O estudo mostrou uma oportunidade no cuidado ao paciente com IC com Fração de Ejeção Reduzida e otimização de terapia medicamentosa, de acordo com as últimas diretrizes. O farmacêutico, por atuar em toda a linha de cuidado ao paciente, favorece no tratamento mais assertivo e personalizado para promover a melhor assistência ao paciente.