Introdução: O uso de medidas de resultados reportados pelos pacientes (Patient reported outcomes measures – PROMs) tem sido cada vez mais utilizadas nas pesquisas e na prática clínica. Na área da reabilitação cardíaca a Cardiac Rehabilitation Barriers Scale, em sua versão adaptada para o português do Brasil (Escala de Barreiras para a Reabilitação Cardíaca - EBRC) está disponível desde 2012. A versão original era composta por quatro componentes (fatores), enquanto a versão brasileira demonstrou a presença de um quinto componente. Dos 21 itens da versão brasileira, quatro deles não se mostraram adequados quando respondidos por pacientes atendidos em hospital público, de nível terciário. O objetivo desse estudo foi testar se a consistência interna e a validade estrutural da versão brasileira se mantêm adequadas quando excluímos quatro dos 21 itens originais.
Método: Estudo metodológico e de corte transversal realizado entre 2019 e 2022 com pacientes cardíacos, em atendimento ambulatorial num hospital terciário do interior paulista. Foram realizadas análises para avaliar a validade estrutural e a consistência interna da EBRC, após retirada dos itens 5, 16, 19 e 20 da escala original. Foi utilizado o Método de Extração por Análise de Componente Principal e a Rotação Varimax com Normalização de Kaiser. A consistência interna foi avaliada pelo alfa de Cronbach. Os dados foram processados pelo software SPSS versão 25.0 para Windows.
Resultados: A Análise Fatorial Exploratória (AFE) dos 17 itens revelou uma estrutura tri fatorial que explicavam 45% da variância total da EBRC. O modelo apresentou um Erro Quadrático Médio da Aproximação (RMSEA) de 0.083, dentro do limite aceitável (valores abaixo de 0.08 são considerados bons). Além disso, o Índice de Resíduo Quadrático Médio Padronizado (SRMR) foi de 0.076, também sugerindo um bom ajuste do modelo. Na análise de confiabilidade, utilizando o coeficiente alfa de Cronbach, o Fator 1 obteve um alfa de 0,75, o Fator 2 apresentou alfa de 0,69 e o Fator 3 obteve alfa de 0.76, indicando boa consistência interna. O alfa de Cronbach para o instrumento completo foi de 0,80, sugerindo uma boa confiabilidade geral.
Conclusão: A versão com 17 itens da EBRC mostrou evidências de validade estrutural com menor número de componentes do que a versão original e a versão brasileira. Quanto à consistência interna os resultados obtidos mostraram valores adequados. Esses resultados são referentes à utilização da ferramenta por meio de entrevista de pessoas com diagnósticos de doenças cardíacas em seguimento ambulatorial.