Introdução: Os cuidadores desempenham um papel fundamental nos cuidados de pessoas com Insuficiência Cardíaca (IC), contribuindo com a prevenção da descompensação clínica da doença e hospitalização. A participação do cuidador familiar tem sido associada a uma melhor sobrevivência e melhor qualidade de vida do indivíduo com IC. O objetivo do estudo foi investigar o perfil sociodemográfico dos cuidadores de pacientes com diagnóstico de IC, em seguimento ambulatorial.
Método: Estudo observacional e transversal realizado em hospital universitário do interior paulista. Foram entrevistados os indivíduos que estavam acompanhando os pacientes nas consultas ambulatoriais e que responderam ser o cuidador principal. As entrevistas ocorreram no período entre novembro de 2023 e fevereiro de 2025. Dados clínicos dos pacientes foram obtidos nos prontuários eletrônicos. Foram realizadas análises descritivas das variáveis categóricas e medidas de tendência central e de dispersão para as variáveis contínuas. Os dados foram processados pelo softwares IBM SPSS® versão 25.0.
Resultados: Entre os 167 participantes, constatamos que a maioria era formada por mulheres(n=81;76,6%), com média de idade de 52,0 anos (Desvio padrão (D.P.) = 16,4), casadas/união estável (n=101; 60,5%). Com relação ao vínculo com os pacientes, a maioria dos cuidadores era de cônjuge (n=62, 37,1%) e filhos (n=64, 38,3%), que residiam com os pacientes (n= 109, 65,3%) e realizavam os cuidados há mais de três anos (n= 118; 70,7%). Entre eles, 60,4% residiam em outras cidades do estado e 48,5% ainda realizam trabalho remunerado, características que podem aumentar a sobrecarga destes cuidadores. Com relação aos pacientes, a maioria era do sexo masculino (n= 86, 51,5%) e a média de idade foi de 66 (D.P.= 33) anos. A etiologia da IC com maior prevalência foi a isquêmica (34,7%), seguida da dilatada e idiopática (16,2%). A média da Fração de Ejeção do Ventrículo Esquerdo (FEVE) foi de 30,3% (D.P. = 12,5) e as classes funcionais da New York Heart Association (NYHA) mais prevalente foram II (n= 60; 35,9%) e III (n=78; 46,7%). A média de consultas ambulatoriais foi de 3,97 (D.P.= 4,2) e média de 0,77 (D.P.= 1,27) internações nos últimos seis meses.
Conclusão: Os resultados obtidos corroboram que os cuidadores são mulheres, esposas ou filhas dos pacientes que residem no mesmo domicílio e que, além dos cuidados prestados ao familiar doente, também se dedicam às demais funções sociais. Tais fatores podem contribuir para o adoecimento e a piora da qualidade de vida destas cuidadoras.