Introdução: o sobrepeso e a obesidade são um problema de saúde pública crescente, associados a um risco aumentado de doença cardiovascular. O perfil alimentar exerce uma influência significativa nesse contexto, podendo comprometer ou auxiliar a saúde do coração. Objetivo: categorizar e descrever o consumo alimentar de indivíduos com excesso de peso e risco cardiovascular de acordo com as características do processamento industrial, baseado na classificação NOVA de alimentos. Metodologia: trata-se de um estudo transversal, realizado com pacientes acompanhados em um ambulatório de nutrição de um hospital de cardiologia em São Paulo. Foram coletados dados sociodemográficos, antropométricose de consumo alimentar de 24 horas. Para categorizar a qualidade da alimentação foi utilizada a ferramenta “Screener-NOVA”, que rastreia o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados integrais e de origem vegetal e de alimentos ultraprocessados. Resultados: a amostra estudada foi composta por 56 indivíduos, sendo 69,6% mulheres. Do total, 78,6% apresentaram o diagnóstico nutricional de obesidade, 21,4% sobrepeso e 92,8% tinham risco cardiovascular muito elevado pela circunferência abdominal. Em relação ao consumo alimentar, 73,2% consumiam ao menos um alimento ultraprocessado, com destaque para margarina (51,2%), pão de forma tradicional e/ou biscoito salgado (43,9%) e salgadinho de pacote (17,0%). Sobre o consumo de alimentos in natura, 35% relataram não consumir frutas e 17,8% verduras e legumes. Entre os que relataram consumode ao menos um alimento in natura (21,4%) as opções mais frequentes foram alface (68,7%), tomate (55,5%), maçã e/ou pera (33,3%) e banana (27,7%). O consumo de feijão foi relatado por 82,1% e apenas 10,7% consumiram grãos integrais, como arroz integral ou aveia. Conclusão: o consumo alimentar observado pode indicar uma preferência por produtos industrializados ricos em carboidratos refinados, sódio e gorduras, frequentemente associados ao aumento do risco cardiovascular, destacando a necessidade de estratégias de educação nutricional que aumentem a compreensão dos malefícios do consumo de ultraprocessados e os benefícios do consumo de alimentos naturais e integrais para a saúde cardiovascular.