Introdução
A infecção por COVID-19 pode causar grande prejuízo na qualidade de vida (QV) de pacientes que necessitam de hospitalização, tornando importante conhecer os principais fatores relacionados a esse impacto desfavorável. O objetivo desse estudo foi estudar os principais preditores de prejuízo na QV de pacientes hospitalizados por COVID-19 e acompanhados ambulatorialmente por um período de 6 meses.
Metodologia
Estudo clínico prospectivo longitudinal com 44 pacientes internados por COVID-19 e não vacinados, acompanhados com 1, 3 e 6 meses de alta hospitalar e submetidos em todas as visitas à avaliação clínica, ecocardiograma transtorácico, escala de dispneia Medical Research Council modificada (mMRC) e questionário de QV SF-36.
Resultados
Foram avaliados 44 pacientes, com 55±28 anos, 65% do sexo masculino, 45% necessitaram de unidade de terapia intensiva e 23% de ventilação mecânica invasiva.
As análises estatísticas mostraram que mMRC > 2 no 1º e 3º mês após alta prediz a QV pelo SF-36 neste período (p<0,001 e p <0,001, respectivamente), com sensibilidade de 100% e especificidade de 71% para detectar SF-36 < 70 no 1º mês (área sob a curva (AUC) de 0,85[IC:0,72-0,97; p<0,001]), e sensibilidade de 100% e especificidade de 85% para SF-36 < 70 no 3º mês (AUC de 0,91[IC:0,8-1; p=0,001]).
Já aos 6 meses, é o Strain Global com ponto de corte > -14,5% que prediz SF-36 < 70 (p=0,009) com sensibilidade de 100% e especificidade de 57% (AUC de 0,98 [IC: 0,9-1; p=0,023]), com diferenças estatisticamente significantes entre os domínios Limitação por Aspectos Físicos e Aspectos Emocionais (p=0,003 e p=0,001, respectivamente) quando separados em grupo com Strain normal (≤ -17%) e alterado (> -17%).