Introdução
O câncer (CA) aumenta a morbimortalidade de pacientes com insuficiência cardíaca (IC) crônica ou aguda dependendo do status da doença. Entretando o impacto preciso do status oncológico na mortalidade na IC aguda ainda não é bem estabelecido. Neste estudo visamos avaliar o impacto do status oncológico em pacientes com IC aguda descompensada na mortalidade intra-hospitalar.
Métodos
Estudo observacional, unicêntrico, tipo coorte retrospectiva. Entre 05/2017 a 11/2023 Foram incluídos de forma consecutiva todos os pacientes (PTS) com 18 anos ou mais hospitalizados com diagnóstico primário de IC aguda ou descompensação de IC durante internação por outra causa e fração de ejeção (FE) ≤40%. Pelo status oncológico foram classificados na internação em: Sem histórico (Grupo I - 449 PTS), histórico de CA ( CA curado ≥5 anos) (Grupo II - 54 PTS), inativo (CA curado ≥ 6 meses e < 5 anos) (Grupo III - 24 pts) ou CA ativo (CA em tratamento ou sem possibilidade de tratamento curativo)(Grupo IV – 51 pts).
Foram analisadas as características basais, comorbidades e status oncológico que se associaram à mortalidade intra-hospitalar e realizado análise de regressão logística considerando óbito intra-hospitalar como variável dependente e status oncológico junto com as demais variáveis que se associaram à mortalidade com p<0,05 na análise univariada como variáveis independentes. A sobrevida em 30 dias dos subgrupos de status oncológico foi realizada pela curva de Kaplan-Meier e comparadas pelo teste Log-Rank.
Resultados
Entre os 578 PTS avaliados 69% eram do sexo masculino, com média etária de 76,9 (±14,3) anos e com FE de 31,1 (±6,4)%]. A taxa de mortalidade geral foi de 11,9%, e nos pacientes do Grupo I, II, III e IV foi, respectivamente, de 9,1%, 14,8%, 16,7% e 31,4% (p<0,01) (Figura 1). Os fatores relacionados a mortalidade intra-hospitalar foram: Doença oncológica ativa, idade, pressão arterial sistólica e frequência cardíaca a admissão, IMC (Índice de massa corpórea), Creatinina, valores de proteína C reativa (Tabela 1).
Conclusão
A doença oncológica ativa se associou de forma independente à maior mortalidade intra-hospitalar em pacientes internados por IC aguda. Esses achados reforçam a importância da doença oncológica ativa no prognóstico da IC aguda e sugerem um melhor prognóstico de pacientes com CA curado ou em remissão.