Introdução:O transplante cardíaco é o tratamento para insuficiência cardíaca (IC) estágio D, indicado para pacientes com IC avançada e refratária ao tratamento otimizado, condição de alta mortalidade. Este estudo traça o perfil epidemiológico da mortalidade de pacientes submetidos ao transplante cardíaco entre 2014 e 2023 no estado de São Paulo (SP).Métodos:Estudo epidemiológico, retrospectivo e descritivo que avaliou óbitos por transplante cardíaco no Brasil entre 2014 e 2023, considerando internações para o procedimento. Os dados foram obtidos no DATASUS, analisando variáveis como região geográfica e ano.Resultados:Entre 2014 e 2023, foram realizados 856 transplantes cardíacos em SP. O maior número ocorreu em 2015 (102 procedimentos), e o menor em 2023 (65). Em 2020, os transplantes aumentaram para 98, possivelmente associados à pandemia de Covid-19. Nos anos seguintes, houve estabilidade em 2021 (84) e 2022 (86). O total de óbitos no período foi de 82, com queda entre 2014 (11 óbitos) e 2016 (6 óbitos), seguida por aumento em 2019 (10) e 2020 (13), maior número registrado. Em 2021 e 2022, os óbitos reduziram para 4, mas voltaram a subir em 2023 (10), exigindo investigação sobre essa tendência.No período, ocorreram 2.974 internações. Em 2019, houve o maior número (333), e em 2021, o menor (259). O Sudeste liderou com 1.553 ocorrências (52,22%), sendo 856 em SP (28,78% do total nacional), seguido pelo Nordeste (22,06%), Sul (16,14%) e Centro-Oeste (9,58%). Não há dados da região Norte.A taxa de mortalidade em SP variou entre 3,66 (2017) e 13,27 (2020), coincidindo com a pandemia de SARS-CoV-2. Em 2019 e 2020, a mortalidade no estado superou a taxa nacional.Conclusão:O estudo reforça a prevalência do transplante cardíaco no SUS e aponta associação entre a pandemia e a elevação da mortalidade periprocedimento. Estudos nacionais são necessários para embasar intervenções eficazes e reduzir a demanda por transplantes cardíacos.