Introdução: O consumo de bebidas energéticas aumentou significativamente nas últimas décadas, especialmente entre jovens e atletas, promovido por seus efeitos estimulantes. No entanto, há uma crescente preocupação sobre seus impactos cardiovasculares, particularmente no prolongamento do intervalo Qt, que representa um marcador de risco para arritmias graves, como "torsade de pointes". Os estudos mostram resultados divergentes sobre essa relação, assim propomos uma análise sistemática para avaliar os dados existentes.
Metodologia: Revisão sistemática baseada no protocolo PRISMA e na estratégia PICOs para seleção e análise dos estudos. A busca foi realizada nas bases de dados: PubMed, Cochrane, Scopus, Elsevier, UpToDate e Google Scholar, considerando ensaios clínicos, estudos experimentais e observacionais que analisaram a realação entre o consumo de bebidas energéticas e alterações no intervalo Qt/Qtc, entre 2014 e 2024. Além disso, a qualidade metodológica dos estudos foi avaliada pela escala Cochrane e Newcastle-Ottawa.
Resultados: Foram identificados 82 estudos, dos quais 12 preencheram os critérios de inclusão. A análise revelou que 8 estudos indicaram prolongamento do intervalo Qt após o consumo de bebidas energéticas, enquanto 7 estudos não demonstraram alteração significativa e apenas 1 apontou redução do intervalo Qt. O prolongamento foi mais evidente em estudos que avaliaram altas doses (>900mL) dessas bebidas.
Discussão: Parece que o fator mais importante no consumo de bebidas energéticas esteja na quantidade e qualidade do produto. E embora a maioria dos indivíduos saudáveis não apresente efeitos adversos relevantes, o consumo frequente ou em grandes quantidades pode ainda assim representar risco, especialmente, para indivíduos cardiopatas. Apesar da dificuldade de uma análise mais específica sobre o assunto, deixa claro que o seu consumo pode aumentar os riscos de arritmias graves. Outros fatores como tempo de consumo e de monitoramento também podem ter influenciado os resultados.
Conclusões: Os achados mostram que o consumo excessivo de bebidas energéticas pode prolongar o intervalo Qt, aumentando o risco de arritmias potencialmente fatais. Os dados também mostram a importância de novos estudos controlados para aprofundar a compreensão dos impactos cardiovasculares a longo prazo.