Introdução: Estudos têm demonstrado que a ventilação não invasiva (VNI) com dois níveis (BiPAP) tem efeitos significativos na redução da sobrecarga muscular e na melhoria do fluxo de ar durante o exercício em voluntários saudáveis e em indivíduos com doenças cardíacas e pulmonares crônicas. Por isso, esses efeitos também podem ser observados em voluntários com sintomas persistentes de fadiga após COVID-19 grave e podem auxiliar no treinamento aeróbico desses pacientes. Objetivo: Avaliar o impacto hemodinâmico e a percepção de dispneia e fadiga com o uso de BiPAP durante uma sessão de exercício aeróbico (EA) em pacientes com COVID longa. Metodologia: Trata-se de um estudo observacional transversal de análise post hoc do ensaio clínico COVIDReab. Foram selecionados voluntários que tiveram COVID-19 grave e pontuação de 2 ou 3 na escala mMRC, divididos em dois grupos: EA e EA combinado com BiPAP (EA+VNI). Após familiarização com o exercício e o uso da VNI, os voluntários foram avaliados durante a terceira sessão de exercício quanto à FC, PAS, PAD, percepção de fadiga, percepção de dispneia e SpO2 em repouso, durante os minutos finais do exercício (pico), ao final da recuperação passiva e pós-exercício. O protocolo de exercício consistiu em 5 minutos de aquecimento, 15 minutos de exercício aeróbico em esteira a 50% da FC de treino com base na FC máxima alcançada no teste de exercício cardiopulmonar, seguido de 5 minutos de recuperação. Para análise estatística, foram realizados o teste t de Student para grupos independentes, o teste X2 e ANOVA duas vias mixed post hoc Tukey, considerando p<0,05 como significativo. Resultados: 26 voluntários foram divididos em 14 voluntários no grupo AE e 12 voluntários no grupo AE + VNI. Em relação à Frequência Cardíaca (FC), foi observada uma redução mais acentuada no grupo AE + VNI (p<0,001) durante a recuperação ativa, seguida por uma maior redução na PAD (p=0,01) durante a recuperação ativa e uma maior recuperação da SpO₂ pós-exercício (p=0,03). Além disso, o grupo AE + VNI apresentou valores significativamente menores de dispneia pós-exercício em comparação com o pico (p<0,001) e durante o desaquecimento ativo em comparação com o pós-exercício (p=0,01), achados que não estavam presentes no grupo AE. Conclusão: O uso de BiPAP durante o EA acelera a recuperação do comportamento hemodinâmico e da FC, bem como a percepção de dispneia em voluntários com sintomas após COVID-19 grave, tornando-o um adjuvante potencialmente importante na reabilitação física para COVID longa.
