Introdução: Aneurisma gigante de coronária é raro e frequentemente assintomático. A doença aterosclerótica configura sua causa mais comum e suas principais complicações são trombose, embolização, ruptura, isquemia. O melhor tratamento dessa condição ainda é desconhecido.
Relato do caso: Homem de 60 anos, com histórico de infarto agudo do miocárdio com supra de segmento ST em 2009, com tentativa de angioplastia de artéria ventricular posterior sem sucesso na ocasião. Durante o exame, identificada ectasia importante e difusa de coronária direita (CD). Encaminhado no pós alta para avaliação da equipe da reumatologia que exclui hipóteses de vasculites sistêmicas, não sendo possível descartar sequela de Kawasaki como etiologia da ectasia.
Mantido oligossintomático por anos, interna em 2024 por insuficiência cardíaca associada a hipoventilação da obesidade. Em investigação, foram solicitadas tomografia de tórax e angiotomografia de artérias pulmonares, com identificação de possível aneurisma de CD - melhor avaliado em angiotomografia de coronárias posteriormente.
O paciente recebeu alta hospitalar após avaliação da cirurgia cardíaca que não indicou intervenção em caráter de urgência. Ambulatorialmente mantinha apenas dispneia aos médios esforços. Foi indicada cirurgia para correção do aneurisma devido ao tamanho e crescimento, sendo solicitada nova coronariografia.
Discussão: O tratamento de aneurisma coronariano denota grande desafio pela falta da evidência, sendo as recomendações baseadas em série de casos ou evidências anedóticas. Não há evidência de qualidade para indicar ou contraindicar o tratamento medicamentoso com antiplaquetário ou anticoagulação. A maior parte das evidências do tratamento percutâneo restringem-se à síndrome coronariana aguda. O tratamento cirúrgico deve ser considerado especialmente para aneurisma coronariano envolvendo tronco, difuso ou gigante (acima de 20mm ou 4 vezes o tamanho de referência do vaso).
Conclusão: A correção cirúrgica dos aneurismas gigantes de coronária pode prevenir complicações fatais, sobretudo diante da limitada evidência e complexidade anatômica. Este relato reforça a necessidade de condutas individualizadas e de investigações aprofundadas para aprimorar o manejo clínico.