Introdução: A claudicação intermitente é o principal sintoma da doença arterial periférica (DAP). A isquemia e inflamação local são apontadas como principais causadores da claudicação, porém são poucos os estudos exploratórios com as descrições das alterações na biomecânica na marcha antes da queixa de dor, e correlações entre a distância percorrida. Portanto, nosso objetivo é avaliar a biomecânica da marcha em sete metros nos indivíduos com DAP e verificar sua correlação com a distância percorrida no teste da caminhada dos seis (TC6M). Método: Estudo transversal que recrutou indivíduos com DAP adultos de ambos os sexos. A pesquisa foi avaliada pelo CEP (CAAE: 76035423.0.0000.5479) e os indivíduos incluídos apresentavam claudicação intermitente e estavam em tratamento medicamentoso, sendo excluídos aqueles com incapacidade de marcha independente. O TC6M seguiu as recomendações da ATS (2002). O teste de marcha de sete minutos foi realizado em 3D, com acelerômetro e giroscópio (Baiobit sensor, BTS bioengineering Group, Milan, Italy). A análise estatística foi realizada com o SPSS versão 20.0, com teste de Kolmogorov-Smirnov, e correlações de Spearman, com significância de 5%. Resultados: Foram avaliados 41 indivíduos com média de idade 66,28±8,61 anos, 44% homens, com média de altura 163,10±7,46cm e peso 72,65±14,30kg. A distância percorrida no TC6M foi de 381,72±138,40m, e o predito era de 527,79±28,26m com 90,24% não alcançando o predito. Na análise biomecânica da marcha, a velocidade média foi de 1,05±0,33m/s e o esperado 1,03±0,06m/s com 56,09% dos pacientes estando com velocidade abaixo do esperado. A cadência da marcha foi 105,55±15,48p/s e o esperado 111,12±3,72p/s, destes 60,97% ficaram abaixo do esperado. Na simetria do ciclo de marcha 43,90% apresentaram valor <90% com média 86,39±14,79%. O comprimento de passada esquerda (E) e o comprimento do passo foi de 1,30±0,32m e o comprimento de passada direita (D) foi de 0,66±0,18m com passo de 0,66±0,16m é 1,31±0,33. 15% dos indivíduos apresentaram a diferença E/D no comprimento de passada e 46% no comprimento do passo. Houve correlação quando a velocidade e a cadência na marcha (p=0,001, r= 0,641), entre a distância percorrida no TC6M e a velocidade da marcha (p=0,001, r= 0,587), e na distância percorrida com a cadência (p=0,023, r= 0,368). Conclusão: Nesta amostra houve correlação entre a velocidade e cadência de marcha na biomecânica em indivíduos com DAP, com a distância percorrida no TC6M, sugerindo alteração na marcha antes do sintoma de claudicação na DAP.