Introdução: A definição universal de infarto se baseia na presença de troponina elevada acima do percentil 99, associada a sintomas ou achados em exames complementares sugestivos de isquemia. O ECG é um dos exames que guiam o tratamento/classificação de síndrome coronariana (SCA) com supra (SCACSST) ou sem supra de ST (SCASSST), diferenciados fisiopatologicamente por uma oclusão coronariana completa e parcial, respectivamente. Atualmente, evidências demonstram que entre 25 a 34% dos casos de SCASSST podem incluir oclusão coronariana completa, necessitando de terapia de reperfusão imediata. O paradigma emergente que distingue o infarto do miocárdio por oclusão coronária aguda (OCA) do sem oclusão (NOCA) busca aumentar a precisão diagnóstica e o efeito prognóstico no tratamento da SCA, enfatizando a urgência da terapia de reperfusão em padrões de eletrocardiograma (ECG) de alto risco não cobertos pelos critérios de SCACSST. O sinal da bandeira da África do Sul representa um padrão específico de ECG que ocorre na SCA lateral alta devido à oclusão da primeira artéria diagonal (D1), gerando alteração com supra de ST nas derivações D1, aVL e V2 e infra de ST em D3 e derivações inferiores, alterações que podem passar despercebidas por médicos, atrasando o tratamento.
Relato de caso: Paciente masculino, 52 anos, sedentário, dislipidêmico e com sobrepeso, internou com quadro de dor precordial típica iniciada poucos minutos antes da admissão hospitalar. Inicialmente, foi classificado como SCASSST com ECG sem corrente de lesão e troponina negativa no pronto-socorro, recebendo monoterapia de antiplaquetário em dose de ataque e estatina de alta potência, sendo transferido para a unidade de terapia intensiva cardiovascular. Na unidade, foi reclassificado como SCACSST após ECG demonstrar o padrão da bandeira da África do Sul, recebendo dose de ataque de P2Y12 e encaminhado ao laboratório de hemodinâmica, onde foi confirmada a oclusão coronariana aguda da primeira diagonal, sendo submetido a angioplastia com fluxo TIMI 3.