Introdução: Muitos sobreviventes da COVID-19 apresentam sintomas persistentes, conhecidos como COVID longa, que podem estar relacionados a disfunções cardíacas e autonômicas. No entanto, ainda há uma carência de estudos sobre complicações cardiovasculares, composição corporal e sintomas persistentes em adultos que tiveram COVID-19 leve. Além disso, o impacto desses fatores na variabilidade da frequência cardíaca (VFC) permanece incerto. Objetivo: Avaliar a VFC, a composição corporal e os sintomas persistentes em jovens que tiveram COVID-19 leve, um mês após a infecção, em comparação com um grupo controle. Desenho do estudo: Estudo observacional transversal. Pacientes diagnosticados com COVID-19 leve foram avaliados no Hospital Universitário da UFSCar um mês após a infecção. Métodos: Os voluntários passaram por (I) avaliação clínica; (II) coleta do intervalo RR (iRR) usando um monitor de frequência cardíaca em repouso e durante a Manobra de Arritmia Sinusal Respiratória (MASR) com uma faixa transmissora elástica (Polar HRV10, Polar); e (III) avaliação da composição corporal por meio de bioimpedância (InBody® 720, Biospace Co. Ltd). Os dados de iRR foram processados no software Kubios para obtenção dos índices de VFC. Resultados: Sessenta e dois adultos pareados em sexo e idade foram avaliados, (COVID-19 leve, n=31; controle, n=31). Sobreviventes da COVID-19 apresentaram maior percentual de gordura corporal e maior prevalência de sintomas persistentes, como fadiga e disgeusia, um mês após a infecção (p<0,05). A análise da VFC mostrou valores reduzidos de rMSSD no grupo COVID-19 leve em repouso (25,49±15,45 ms) e durante a MASR (15,88±0,10 ms) (p<0,0001). Além disso, observou-se uma redução dos valores do componente de baixa frequência BF (%) na posição supina (36,62±13,93). A modulação autonômica cardíaca também estava comprometida durante a MASR, com valores elevados de alta frequência AF (nu) (37,63±7,71; 10,09±5,70) e AF (%) (65,30±8,89 vs. 9,86±4,93) (p<0,0001). Correlações significativas foram identificadas entre a massa de gordura corporal total e os intervalos RR médios (p=0,009; r=-0,32), assim como entre a composição corporal e a modulação parassimpática em repouso na posição supina (massa de gordura e % de gordura em relação ao rMSSD: p=0,02; r=-0,28). Conclusão: Sobreviventes da COVID-19 apresentam menor complexidade da VFC, controle autonômico da frequência cardíaca prejudicado, sintomas persistentes e níveis mais elevados de gordura corporal.