Introdução: A ablação da fibrilação atrial (FA) é um tratamento seguro e eficaz alternativo à terapia clínica. Tem sofrido importantes avanços, e está cada vez mais difundido na prática médica. Apesar da segurança, complicações como a fístula atrioesofágica (FAE) podem ocorrer. O objetivo deste estudo foi analisar se a ausência de monitorização da temperatura esofágica durante a ablação leva a um aumento da taxa de complicações. Métodos: Análise retrospectiva de 252 pacientes submetidos à primeira ablação de FA com técnica de alta potência e curta duração. Foram divididos em dois grupos: monitorização de temperatura esofágica (MTE), com 152 integrantes, e não monitorização de temperatura esofágica (NTE), com 100. Em indivíduos que não estavam em ritmo sinusal, a cardioversão foi realizada antes da ablação. Comparação dos perfis de MTE e NTE, respectivamente: idade média 61,8±2,1 vs. 63,8±12,7 anos; 121 (79,6%) homens vs. 73 (73%); FA paroxística em 96 (63,2%) vs. 58 (58%); tempo médio de diagnóstico da FA 18,1±18,4 vs. 17,7±13,3 meses; CHA2DS2VASC médio 2,4±2,8 vs. 2,7±2 pontos; 96 (63,2%) vs. 65 (65%) hipertensos; 27 (21,6%) vs. 13 (13%) diabéticos; 5 (3,3%) vs. 11 (11%) com histórico de acidente vascular cerebral; 23 (15,1%) vs. 16 (16%) com insuficiência cardíaca; 58 (38,2%) vs. 45 (45%) com doença coronária/vascular; tamanho do átrio esquerdo (AE) 42,3±7,3 vs. 43,7±4,7mm; fração de ejeção 62,1±10 vs. 61,2±14,5%. Resultados: Foram analisadas as complicações 30 dias pós-ablação. Grupo MTE: 10 (6,6%) hematomas importantes; 4 (2,6%) episódios de febre (flebite) e 1 (0,7%) caso de pericardite. Não houve nenhum caso de FAE. Grupo NTE: 5 (5%) hematomas importantes, 3 (3%) pseudoaneurismas, sendo 2 casos de ablação com oclusão de apêndice de AE, 1 (1%) episódio de febre (flebite), 1 (1%) tamponamento cardíaco e 1 (1%) FAE. Nos grupos MTE e NTE: tempo de AE 62,8±9,5min e 58,8±7min (p= 0,04), tempo total de ablação 81,8±9,3min e 72,9±9,3min (p=0,01), tempo de radiofrequência 1.613,4±392,3s e 1.362,5±287,5s (p=0,001), tempo médio de raio-X 5,1±3,4min e 3,9±0,7min (p=0,02) e efeito de isolamento de primeira passagem de 122 (80,3%) e 87 (87%) (p=0,05), respectivamente. Elevação da temperatura luminal esofágica em 54 (35,5%) pacientes do grupo MTE. Recorrência da FA em 38,1±9,8 e 20,5±10,1 meses, em 21 (13,8%) e 11 (15,5%) pacientes nos grupos MTE e NTE (p=0,09), respectivamente. Conclusão: Houve um caso de FAE no grupo NTE. A ablação sem monitorização foi mais rápida, com tempo de radiofrequência e raio-X menores, e taxa de recorrência similar ao grupo MTE.