Introdução: A Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) desencadeia alterações morfofuncionais do coração que podem levar a disfunção diastólica do ventrículo esquerdo (VE). A homocisteína é um importante marcador de doenças cardiovasculares, estando relacionada a processos pró-inflamatórios, estresse oxidativo e disfunção endotelial. Estudos prévios mostram relação entre homocisteína e alterações morfofuncionais do VE. Porém esta relação é pouco esclarecida na população com DM2. Objetivo: relacionar os níveis de homocisteína com índices morfológicos do VEem indivíduos com DM2 com e sem disfunção diastólica do VE. Métodos: Foram estudados 33 indivíduos com DM2 (21 homens), sendo 18 sem disfunção diastólica do VE (GsD:56±8 anos; IMC:29,3±3,3) e 15 com disfunção diastólica do VE (GcD:60±5 anos; IMC:28,9±3,6). Os grupos foram homogêneos para as variáveis: sexo (GsD: n=11 homens; GcD: n=10 homens), hipertensão arterial sistêmica (GsD: n=11; GcD: n=8) e neuropatia autonômica cardiovascular (GsD: n=8; GcD: n=10). Todos passaram por avaliação clínica e ecocardiograma, realizados por cardiologista, seguindo a diretriz da American Society of Echocardiography. Foram analisadas variáveis morfológicas, de função diastólica e sistólica do VE. O exame de sangue foi realizado em laboratório especializado, com jejum de 10 horas, para obtenção da homocisteína. Para comparação dos resultados entre grupos foi utilizado o teste t de Student ou Mann-Whitney e para correlação o teste de Pearson ou Spearman, considerando a classificação de Munro para força das correlações, com p<0,05. Resultados: Correlação positiva e moderada foi observada entre os níveis de homocisteína e espessura do septo interventricular (r=0,631, p=0,012) e massa indexada do VE (IMVE) (r=0,60, p=0,018) apenas no GcD. Não houve diferença nos valores de homocisteína entre os grupos e ambos estavam dentro da normalidade. O GcD apresentou maiores valores de espessura relativa da parede (p=0,004) e IMVE (p=0,032), em comparação ao GsD. Conclusão: os níveis de homocisteína parecem estar mais relacionados com índices de hipertrofia do VE, em indivíduos com disfunção diastólica do VE. Com isso, os valores de homocisteína devem receber maior importância em indivíduos com DM2 com disfunção diastólica do VE no contexto da hipertrofia ventricular. Apoio financeiro: CAPES; CNPq; FAPESP.