Introdução: O tratamento da lesão de tronco de coronária esquerda (LTCE) é intensamente debatida em cenário internacional, sendo a cirurgia de revascularização miocárdica (CRVM) considerada de escolha em lesões complexas para redução de eventos adversos graves, comparativamente à intervenção coronária percutânea (ICP). Entretanto, essa conduta lastreia-se em estudos com taxas de mortalidade cirúrgica inferiores às reportadas em nos escassos relatos de instituições no Brasil. Métodos: Trata-se de estudo de coorte retrospectiva de pacientes com LTCE diagnosticada por cateterismo cardíaco, entre os anos de 2017 a 2022, com análises demográficas, epidemiológicas e pesquisa de desfechos em seguimento. Resultados: Foram incluídos 227 pacientes, sendo 149 (66%) masculinos, maioria brancos (88%), 66±10 anos, creatinina sérica 1,41mg/dL e o IMC médio de 28,58 Kg/m2. Os fatores de risco cardiovascular mais prevalentes foram Hipertensão Arterial Sistêmica (79%), Diabetes Mellitus (50%), tabagismo (50%) e dislipidemia (41%). Angina estável (32%), seguida de IAM sem supra de ST (16%) foram os principais motivos para solicitação do exame e 4% eram assintomáticos. A fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) estava preservada em 57%. A localização mais frequente da LTCE foi no segmento distal (75,6%). Acometimento triarterial associado ocorreu em 60,8% dos casos. O Syntax Score foi de 35±13 e o EUROSCORE II de 4,22 ±5,54%. Do total de casos, 33% (n = 70) foram submetidos a CRVM, 26% (n = 58) a ICP, e 24% (n = 54) mantidos em tratamento médico otimizado (TMO) – P=0,13. Em 17%(n=40) não foi possível obter informações quanto ao tratamento. A conduta foi determinada em 35% pelo Heart Team, e nos demais a decisão foi tomada pelo Médico Assistente ou Hemodinamicista. A Tabela 1 apresenta as diferenças na idade, Syntax score, EUROSCORE e FEVE entre as abordagens terapêuticas. Para os casos de ICP, o ultrassom intravascular foi pouco utilizado. O stent farmacológico foi utilizado em 44(75%) casos. A mortalidade em 30 dias ocorreu em 21 pacientes, sendo 6 (3%) no CRVM, 11 (5%) no ICP e 4 (2,1%) no TMO, (p=0,09) diferença não significativa entre os grupos. A mortalidade no seguimento total ocorreu em 44 (25%) pacientes, dos 175 pacientes em que a informação estava disponível em prontuário, 11 (16%) no CRVM, 19 (33%) no ICP e 14 (29%) no TMO com p=0,056. Conclusão: Nesta amostra não selecionada de população brasileira acometida por LTCE o cenário global evidencia a gravidade do problema, não se percebendo benefício evolutivo em relação a qualquer dos métodos de tratamento.