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Inflamação Residual no HIV e Progressão Acelerada da Doença Coronariana

Ana Cristina de Souza Murta, Mauri A S Ferreira, Kelvyn M. Vital, Edileide B. Correia, Kelvin H. Vilalva, Eduardo R. Lagonegro, Larissa Bruscky, Yoná A. Francisco, Plínio J. W. Wolf, Renata C. D. Agnolo
Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia - São Paulo - SP - Brasil, CRT IST Aids - São Paulo - SP - Brasil

Introdução

O vírus da imunodeficiência adquirida (HIV) é um fator de risco independente para eventos cardiovasculares, associado a aterosclerose acelerada, inflamação crônica e disfunção endotelial, mesmo com carga viral indetectável. A terapia antiretroviral (TARV) pode  impactar o perfil metabólico e lipídico, aumentando o risco cardiovascular. Pacientes vivendo com HIV apresentam maior incidência de eventos isquêmicos, exigindo estratégias específicas de manejo.

Relato do caso

Homem, 80 anos, hipertenso, diabético tipo 2 e dislipidêmico, diagnosticado com HIV há 14 anos durante avaliação pré-operatória para revascularização miocárdica. Iniciou TARV com lamivudina, efavirenz e tenofovir, atingindo supressão virológica em seis meses e carga viral indetectável desde então. Após revascularização completa, MIE-DA, AO- Mg e AO- Dg, manteve-se assintomático e com controle adequado dos fatores de risco por dois anos. Até que relatou dor torácica atípica, sendo submetido à cintilografia miocárdica, sem evidência de isquemia. Um ano depois, apresentou dor torácica, dessa vez típica e em repouso, com diagnóstico de infarto agudo do miocárdio sem supradesnivelamento do segmento ST. A cineangiocoronariografia revelou doença coronariana difusa grave, sem viabilidade para revascularização, além de disfunção sistólica discreta do ventrículo  esquerdo. Instituída antiagregação plaquetária dupla e intensificação do controle das comorbidades. Em 2023, a TARV foi ajustada para lamivudina e dolutegravir, priorizando segurança e eficácia.

Discussão

Estudos sugerem que pacientes vivendo com HIV podem se beneficiar de metas lipídicas mais agressivas e também do uso de biomarcadores inflamatórios, como lipoproteína(a) [Lp(a)] ou outros ainda em estudos, para melhor estratificação de risco. A inflamação residual e ativação imune crônica parecem  ter um papel relevante na progressão da aterosclerose, mesmo com controle virológico e otimização das comorbidades. Novas abordagens terapêuticas, como inibidores da pró-proteína convertase subtilisina/quexina tipo 9 (PCSK9), mostram potencial na redução do risco cardiovascular e podem representar um avanço no manejo desses pacientes. 

Conclusão 

Este caso ilustra a progressão acelerada e grave da doença arterial coronariana em um indivíduo vivendo com HIV, reforçando a necessidade de revisão das estratégias convencionais de manejo cardiovascular. A incorporação de biomarcadores inflamatórios à estratificação de risco e o uso de novas terapias podem representar um avanço na prevenção de eventos cardiovasculares nessa população.

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