Trombos em ventrículo esquerdo (TVE) são frequentemente identificados em portadores de cardiopatia isquêmica e, em nosso meio, portadores de cardiopatia da Doença de Chagas. Suas características morfológicas apresentam descrição variável e são poucas as séries que avaliaram a resolução com uso de anticoagulação oral (ACO) e esta varia com o intervalo entre os exames entre 67 e 87%. OBJETIVOS: Avaliar a história natural do trombo ventricular esquerdo em pacientes que receberam anticoagulação oral em serviço terciário universitário. MÉTODOS: Estudo retrospectivo de pacientes recebendo ACO por TVE em serviço universitário terciário. Análise estatística descritiva. RESULTADOS: Cento e setenta e um portadores de TVE foram identificados. Etiologia predominantemente isquêmica, mas cardiopatia da Doença de Chagas era responsável por cerca de 15% dos casos. Em sua maioria, o TVE foi identificado pela Dopplerecocardiografia, que foi o método aplicado no segundo exame para caracterizar a sua evolução. O exame controle foi realizado 665±673 dias. A varfarina foi o ACO utilizado em todos os pacientes. As medidas bidimensionais foram relatadas em 115 relatórios com a dimensão média inicial de 16 x 11 mm, tendo variado entre 2 e 50mm – Figura 1. Verificou-se que houve resolução total do trombo em 101 (59%) dos casos, apesar do exame não ter sido repetido em 19 pacientes. Em 34 pacientes com trombos persistentes houve grande variabilidade de resposta nas dimensões reportadas, como evidenciado na Figura -2. CONCLUSÕES: A taxa de resolução de 59% é a primeira reportada em séries nacionais e pouco menor que a literatura existente. Fatores como aderência ao tratamento e etiologia chagásica podem ter influenciado nesta taxa de resolução.
Figura 1: Medidas bidimensionais iniciais de 115 trombos em ventrículo esquerdo quantificados na amostra estudada
Figura 2: variação na área do trombo obtida por medidas bidimensionais em 34 portadores de trombo ventricular esquerdo não resolvidos totalmente com medidas antes e após ACO.