Introdução: A insuficiência cardíaca (IC) é uma condição caracterizada pela disfunção do ventrículo esquerdo, resultando em comprometimento da capacidade de bombeamento sanguíneo, o que leva à perfusão inadequada dos tecidos periféricos, principalmente dos membros inferiores. Neste contexto, a eletroestimulação de corpo inteiro (EMS-WB) é uma terapia tecnológica interessante, segura e eficaz, que pode ser um recurso capaz de prevenir a atrofia e aumentar a força muscular, especialmente em idosos frágeis. No entanto, se a EMS-WB poderia modular positivamente o fluxo sanguíneo femoral em pacientes com IC ainda merece ser investigado. Objetivo: Verificar se a EMS-WB, em uma única sessão, pode melhorar o fluxo sanguíneo femoral em pacientes com IC. Métodos: 10 indivíduos foram avaliados quanto à função cardíaca e composição corporal. Em seguida, foram submetidos a uma avaliação da reatividade vascular antes e após uma sessão de EMS-WB de 15 minutos. Para análise estatística foi utilizado o teste t de Student, comparando os momentos antes e após a sessão EMS-WB. Resultados: Foram avaliados 10 indivíduos (7 homens; 3 mulheres), com média de idade de 63 anos e fração de ejeção de 41%. Os principais achados foram: 1) fluxo pré-hiperemia: aumento significativo do fluxo sanguíneo após EMS-WB (de 0,026 cm/s para 0,036 cm/s; p= 0,01), indicando melhora na perfusão vascular; 2) diâmetro da artéria femoral: o diâmetro basal (pré-hiperemia) aumentou significativamente após a intervenção (de 6,932 mm para 7,279 mm; p= 0,02). Além disso, também houve aumento do diâmetro vascular nos tempos subsequentes (1º, 2º e 3º minutos pós-hiperemia; p=0,009; p=0,03; p=0,03, respectivamente); 3) diâmetro da hiperemia: a resposta vasodilatadora foi maior após EMS-WB (de 7,256 mm para 8,392 mm; p= 0,003), sugerindo melhora na reatividade vascular; 4) dilatação mediada por fluxo (DMF): também aumentou significativamente (p=0,04), reforçando a melhora aguda da função endotelial. Conclusão: Este estudo demonstrou que uma única sessão de EMS-WB pode melhorar significativamente o fluxo sanguíneo e o diâmetro da artéria femoral em pacientes com IC, indicando seu potencial para modular positivamente a reatividade vascular. Tais achados sugerem que a EMS-WB pode ser uma intervenção não invasiva eficaz na prevenção da disfunção circulatória periférica, especialmente em pacientes com limitações motoras. No entanto, são necessários estudos adicionais para avaliar seus efeitos a longo prazo e aplicabilidade clínica.
Apoio financeiro: CAPES-001; CNPq: 175212/2023-6.