Introdução: O perfil da modulação autonômica cardiovascular (MACv) traz importantes informações a respeito da saúde cardiovascular. Entretanto, geralmente, a análise da MACv é dependente da coleta de vários dados cardiovasculares e processamentos. A identificação de marcadores metabólicos que relacionam-se ao perfil da MACv poderia simplificar a obtenção de informações relacionadas a saúde cardiovascular. O objetivo foi de identificar marcadores metabólicos, por meio da metabolômica, que relacionam-se ao perfil da MACv em indivíduos sem doenças diagnosticadas. Métodos: 146 indivíduos (65 mulheres) [43±14 anos; índice de massa corpórea (IMC) 24,96±2,76 kg/m2] retiraram sangue com 12h de jejum e, no mesmo dia, realizaram a coleta de dados para a análise da MACv. O metaboloma sérico foi obtido com a ressonância magnética nuclear (AVANCE III, 600MHz). 256 pontos do tacograma (BioAmp FE132) e sistograma (Finometer Pro) de repouso foram considerados para avaliar a modulação simpática cardiovascular (MSCv) e parassimpática cardíaca (MPC), sensibilidade barorreflexa (SBR) e entropia de Shannon. As análises espectral e simbólica foram utilizadas para avaliar a MSCv, MPC e a entropia, e o método da sequência para a SBR. Os índices da MACv e entropia foram submetidos a uma análise de componentes principais para definir um escore para cada indivíduo considerando ponderadamente todos os índices da MACv e da entropia. Foram considerados os dois primeiros componentes principais para análise e os dados foram divididos em quadrantes considerando as linhas de referência no valor zero dos componentes. Cada quadrante foi considerado um grupo e seus metabolomas comparados. Os grupos foram comparados com ANOVA one way controlada pela idade e os escores dos indivíduos foram correlacionados com os metabólitos (controlando idade, sexo e IMC), com p<0,01. Resultados: O IMC e a distribuição dos sexos foram homogêneos entre os grupos. 46 metabólitos foram quantificados, mas apenas α-cetoglutarato teve maiores níveis (p = 0,006) no grupo caracterizado por alta MSCv, baixa MPC e complexidade da variabilidade cardiovascular. Glicose (r=-0,276), N,N-dimetilglicina (r=-0,279) e sarcosina (r=-0,271) apresentaram correlação inversa com valores de MPC, SBR e complexidade. Conclusão: α-cetoglutarato (metabólito crucial na via bioenergética e respiração celular) pode ser um marcador global da MACv. Este metabólito, juntamente com glicose, N,N-dimetilglicina e sarcosina poderiam ser mensurados em um exame de sangue e trazer informações sobre o perfil da MACv. Apoio: FAPESP, CNPQ e CAPES (001)