Introdução: No Brasil, nascem cerca de 30 mil bebês com cardiopatia congênita (CC), sendo a abordagem cirúrgica uma das formas invasivas de tratamento que aumentam as chances de uma maior sobrevida. No pós-operatório, a utilização de dispositivos invasivos pode ser necessária, como drenos torácicos e/ou cardíacos. Tais dispositivos podem levar a restrições de mobilidade no leito, gerando importantes comorbidades que estão associadas a maior tempo de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e maior tempo de ventilação mecânica (VM) quando associados a complicações clínicas e pós-cirúrgicas. O objetivo deste estudo é avaliar o tempo de uso de drenos no pós-operatório de cirurgia cardíaca pediátrica e a relação com o tempo de VM e o tempo de internação. Metodologia: Trata-se de uma análise de dados de pacientes com cardiopatia congênita submetidos à cirurgia cardíaca (Comitê de Ética 71684123.5.0000.5462), com diferentes cardiopatias, de 0 a 17 anos. As variáveis monitoradas incluíram tipo de cardiopatia, tempo de VM e tempo de internação hospitalar. As variáveis clínicas, número de drenos, tempo de internação e de VM foram expressas em média, desvio padrão e porcentagem. Foi realizada a correlação de Spearman para analisar o tempo de internação e VM com o número de drenos. Resultados: A amostra foi composta por 24 pacientes, divididos em três grupos conforme a CC, classificados em hipofluxo e hiperfluxo pulmonar e cardiopatias complexas (Figura 1). As cardiopatias complexas apresentaram maior número de drenos e maior tempo de permanência com os dispositivos. Em relação à quantidade de dias com o dispositivo, encontrou-se uma correlação moderada em relação ao tempo de VM (r = 0,668 / p < 0,001) e forte para o tempo de UTI (r = 0,800 / p < 0,001). Quando analisada a quantidade de drenos, encontrou-se uma correlação fraca em relação ao tempo de VM (r = 0,487 / p = 0,016) e ao tempo de UTI (r = 0,438 / p = 0,032), porém ambas significativas (Figura 2). Conclusão: Concluímos que, quanto maior a quantidade de drenos e a quantidade de dias com os drenos, maior o tempo de ventilação mecânica e o tempo de permanência na UTI. As cardiopatias complexas apresentam maior tempo de uso e quantidade dos dispositivos. Assim, esses achados reforçam a necessidade de estratégias para minimizar os impactos da utilização dos dispositivos na recuperação pós-operatória e medidas para segurança na mobilização.