Introdução: Indivíduos que são acometidos pelo trauma raquimedular (TRM) são conhecidos por terem um maior risco metabólico e cardiovascular, devido a mudanças na morfologia corporal e inatividade relativa após a lesão, sendo a hipotensão postural (HP) ou a intolerância ortostática (IO), eventos adversos comuns durante a internação. Objetivo: Analisar a prevalência de HP ou IO de pacientes com TRM internados em ambiente de enfermaria. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, realizado em indivíduos com diagnóstico de TRM internados em hospital público de grande porte, que foram submetidos, após um período de repouso, à sedestação beira leito (SBL) na enfermaria (período de sedestação planejado para duração de 12 minutos), sendo monitoradas a pressão arterial pelo método oscilométrico e a frequência cardíaca/pulso (FC), assim como sintomas que possam estar relacionados à mudança postural. Definiu-se HP como sintomas e/ou quedas da pressão arterial nos primeiros 3 minutos e IO quando as alterações surgissem após os 3 minutos de SBL. Para a detecção e a intensidade dos sintomas foi aplicado o Questionário de Hipotensão Ortostática (QHO). Calculou-se a prevalência de HP ou IO. As variáveis quantitativas foram descritas como média ± desvio padrão. Resultados: A amostra foi composta por 12 indivíduos (91,7% do sexo masculino; idade 50,1±8,2 anos; dias de internação: 74,9±41,5 dias), apresentando lesões cervicais (75,0%) ou torácicas (25,0%). Dez dos pacientes passaram pela UTI, sendo que desses, 70% chegaram a fazer uso de drogas vasoativas e necessitaram de ventilação mecânica. A pressão sistólica dos pacientes no repouso era de 107,1±18,1 mmHg e a FC no repouso era de 82,9±21,3 bpm. Considerando a SBL, 4 indivíduos (33,3%) apresentaram HP nos primeiros três minutos de exposição. Dos 8 indivíduos restantes, apenas um (8,3% da amostra) conseguiu completar os 12 minutos de SBL, sendo que os 7 restantes apresentaram sintomas de IO (58,3%). O QHO demonstrou que os sintomas mais prevalentes foram fraqueza e fadiga, ambos descritos em 75,0% da amostra, seguidos de desconforto em pescoço e cabeça (66,6%) e, por fim, vertigem e comprometimento da visão (58,3%). Conclusão: Evidenciou-se alta prevalência de HP ou IO em indivíduos após TRM, durante a SBL em enfermaria. Fisioterapeutas devem se atentar para tais ocorrências, com a devida monitorização e cuidado, quando na busca por progressão de posturas nessa população.