N.M.S, feminina, 51 anos deu entrada no setor de emergência no dia 24/02/2024 com queixa de dor precordial com início cerca de 8 horas antes, contínua, em peso, associada a parestesia de membro superior esquerdo, sem associação com esforço físico e com piora a inspiração profunda. Referia episódio de estresse emocional no dia anterior. Paciente submetida a realização de ECG que não evidenciou alterações de segmento ST, sendo coletado marcadores de necrose miocárdica que demonstraram ascensão (Troponina US 148 – 165), sendo diagnosticada com IAM SSST e iniciado medidas para doença arterial coronariana.
A paciente foi submetida a cineangiocoronariografia que evidenciou sub-ramo de primeiro marginal com perda de calibre, sugestiva de dissecção coronariana e conforme diretrizes, optou-se por tratamento conservador, início de dupla anti agregação plaquetária com AAS e Clopidogrel, estatina e betabloqueador. Após 5 dias a paciente recebeu alta hospitalar.
Em consulta no dia 21/03/2024 referia que após a alta hospitalar voltou a apresentar dor precordial intermitente, diária, que se agravava com esforço físico e melhorava ao repouso, com piora significativa na última semana, apresentando angina aos mínimos esforços.Optado por nova internação hospitalar e realizada AngioTC de coronárias que demonstrou presença de oclusão de sub ramo marginal sendo submetida posteriormente a nova cineangiocoronariografia e a optado por angioplastia do vaso acometido, guiado por IVUS.
Paciente recebeu alta após 6 dias de internação hospitalar, mantem seguimento e encontra-se assintomática.A dissecção espontânea da artéria coronária é uma separação não traumática e não iatrogênica da parede arterial e é uma causa pouco frequente de IAM, sendo mais comum em pacientes jovens e mulheres. Ela pode ser classificada em 3 tipos: 1. Coloração patognomônica de contraste da parede arterial com múltiplos lúmens radiolúcidos, 2. Estenose difusa, longa e suave, que pode variar em gravidade, desde estenose leve até oclusão completa e 3. Simula aterosclerose com estenose focal ou tubular e requer tomografia de coerência óptica (OCT) ou IVUS para diferenciar a causa.
A revascularização em pacientes com dissecção coronariana é tecnicamente desafiadora e está associada a maiores taxas de falha ou complicações. Uma abordagem conservadora é recomendada, a menos que haja isquemia contínua, instabilidade hemodinâmica ou dissecção do tronco da coronária esquerda. Portanto a relevância do caso baseia-se na necessidade de angioplastia da dissecção com resolução total da sintomatologia da paciente.