Introdução: A COVID-19 tem sido associada a uma série de comprometimentos funcionais, mesmo em indivíduos que vivenciaram formas leves da doença. O teste de caminhada de 6 minutos (TC6) é uma medida bem estabelecida de capacidade funcional e pode ser uma ferramenta valiosa para avaliar a recuperação em indivíduos pós-COVID. No entanto, a relação entre o tempo decorrido desde a infecção e os desfechos funcionais permanece pouco explorada. O objetivo foi avaliar a capacidade funcional de indivíduos com COVID-19 leve utilizando o TC6 e determinar se o tempo desde a infecção pode prever este desfecho. Métodos: Este estudo observacional transversal incluiu indivíduos com 18 anos ou mais que se recuperaram de COVID-19 leve. Os participantes foram categorizados em três grupos de acordo com o tempo decorrido desde a infecção: Grupo 1 (G1), até 1 mês; Grupo 2 (G2), entre 1 e 3 meses; e Grupo 3 (G3), mais de 3 meses após a infecção. O TC6 foi realizado de acordo com recomendações internacionais. Comparações entre os grupos foram realizadas utilizando ANOVA unidirecional ou Kruskal-Wallis, dependendo da normalidade dos dados. Modelos de regressão linear foram aplicados para avaliar a influência do tempo desde a infecção na capacidade funcional. Resultados: A média de idade dos participantes foi de 34±12 anos, sem diferenças significativas entre os grupos (p = 0,31). A amostra consistiu em 37% homens e 63% mulheres, com distribuição de gênero semelhante entre os grupos (p = 0,713). Massa corporal, altura e IMC também não apresentaram diferenças significativas entre os grupos (p = 0,157; p = 0,219; e p = 0,588, respectivamente). Um total de 115 participantes foi incluído no estudo. As avaliações funcionais revelaram que o G1 apresentou maiores limitações, com uma distância média de aproximadamente 422m±89m, em comparação ao G3, que alcançou cerca de 475m±93m. O tamanho do efeito foi moderado (d de Cohen = 0,66). O coeficiente não padronizado para o tempo de infecção foi 5,146, com um R² ajustado de 0,044, indicando que o tempo desde a infecção explica 4,4% da variação no desempenho do TC6. Conclusão: Embora o tempo desde a infecção explique apenas 4,4% da variância na capacidade funcional, os achados sugerem que a recuperação da COVID-19, mesmo em casos leves, é dependente do tempo. Esses resultados destacam a importância de monitorar a recuperação funcional ao longo do tempo e considerar a duração desde a infecção em estratégias de reabilitação pós-COVID.