Introdução: A avaliação integrada do teste de degrau de seis minutos (TD6) e do consumo de oxigênio (VO₂) permite uma abordagem eficiente para avaliar a capacidade funcional e cardiorrespiratória de indivíduos submetidos a um teste submáximo. A COVID-19, mesmo em sua forma leve, impacta negativamente esses desfechos, e, embora os indivíduos possam apresentar sintomas menos graves, a resposta inflamatória desencadeada pela doença pode afetar a função pulmonar e cardiovascular, comprometendo o consumo de oxigênio e a tolerância ao exercício. O objetivo deste estudo foi avaliar a capacidade funcional e a aptidão cardiorrespiratória de indivíduos na fase aguda leve pós-COVID utilizando o TD6. Além disso, avaliar as respostas cardiovasculares e a percepção de esforço antes e após o teste.
Métodos: Trata-se de um estudo observacional prospectivo. Foram incluídos indivíduos de ambos os sexos, com idade ≥18 anos e até 6 semanas de infecção após um resultado positivo para SARS-CoV-2 (grupo COVID-19). O grupo controle (GC) foi composto por indivíduos de ambos os sexos, aparentemente saudáveis. Todos os participantes realizaram uma avaliação clínica, seguida por teste de função pulmonar e TD6. O TD6 foi realizado em um degrau de 20 cm de altura, com coleta de respostas cardiovasculares. A coleta de gases ventilatórios foi realizada respiração a respiração, utilizando um sistema de telemetria portátil. O teste t de Student não pareado foi utilizado para observar as diferenças entre os grupos, sendo considerado significativo um valor de p < 0,05.
Resultados: Um total de 55 participantes foi incluído. Os grupos não diferiram em idade, sexo e composição corporal (p > 0,05). O grupo COVID-19 apresentou valores menores de VEF1 (L) (p = 0,008) e CVF (L) (p = 0,013) em comparação ao grupo controle. As avaliações funcionais revelaram que o grupo COVID-19 teve pior desempenho no TD6 (150 ± 32 vs 196 ± 46) e menor capacidade aeróbica de acordo com o VO₂ mL kg–1 min –1 (1562,77 ± 514,65 vs 1859,26 ± 541,39), V̇O2, mL kg–1 min –1 (21,03 ± 6,28 vs 25,70 ± 8,21) e menor V̇CO2, L/min (1505,49 ± 553,51 vs 1832,30 ± 596,62) quando comparado ao GC.
Conclusão: A COVID-19, mesmo em sua forma leve durante a fase aguda, impacta negativamente a capacidade aeróbica e o desempenho funcional em comparação a indivíduos saudáveis, conforme avaliado pelo TD6. Esses achados reforçam a necessidade de implementar programas voltados à melhoria da capacidade funcional e da aptidão cardiorrespiratória, mesmo em casos leves da doença.