Introdução:
O uso de esteróides anabolizantes (EA) tem sido cada vez mais utilizado de modo indiscriminado pela sociedade atual, mesmo já sendo bem estabelecido sua relação deletéria ao sistema cardiovascular, podendo causar insuficiência cardíaca, infarto agudo do miocárdio, arritmias e morte súbita.
Métodos:
AMN, masculino, 55 anos, hipertenso, obeso e usuário de EA há 2 anos, em uso de cipionato de testosterona. Deu entrada no hospital, apresentando dor precordial associada a dispnéia e êmese. Realizado ECG que evidenciou supradesnivelamento do segmento ST em D2,D3,AVF, D1 e AVL, exame laboratorial detectou troponina positiva e o ecocardiograma mostrou fração de ejeção de 55%, remodelamento concêntrico e alteração segmentar da contratilidade na parede inferior e inferolateral do ventrículo esquerdo. Recebeu AAS e clopidogrel, sendo transferido para realização de cateterismo cardíaco. Realizado a cineangiocoronariografia que evidenciou agenesia da ACX, ADA sem lesões e ACD dominante, com presença de obstrução no terço médio com características de trombo. Submetido a tromboaspiração com implantação de um stent farmacológico para ACD.
Resultados:
O uso de EA está relacionado com a trombogênese, a fisiopatologia é conhecida: aumento dos níveis do fibrinogênio, fibrina e inibidores da plasmina, reduzindo o sistema de lise dos coágulos, aumento da atividade plaquetária e a trombopoiese levando a um estado trombótico e a maior agregação plaquetária.
Após, o implante do stent para ACD, baseado na fisiopatologia da doença aterotrombótica e o uso de EA foi introduzido dupla antiagregação plaquetária (DAPT) com AAS e clopidogrel associado a apixabana 5mg, com planejamento de manter DAPT por 30 dias e posteriormente, manter clopidogrel e apixabana, durante 1 ano.
Estudos clínicos indicam que o uso de anticoagulantes orais em combinação com monoterapia antiplaquetária está associado a um menor risco de sangramento clinicamente relevante em comparação com a terapia tripla que inclui anticoagulação oral, um inibidor de P2Y12 e aspirina. No entanto, essa abordagem pode aumentar o risco de trombose do stent em comparação com a terapia tripla, o que requer uma avaliação cuidadosa do risco de trombose versus o risco de sangramento.
Conclusão:
É importante que o médico e os pacientes saibam e entendam os malefícios do uso dos EA, sendo necessário um trabalho de conscientização da população. O tratamento deve ser individualizado e estudos são necessários para melhor abordagem terapêutica dos pacientes em uso dos EA e as doenças cardiovasculares.