A pericardite aguda é uma inflamação do pericárdio de diversas etiologias, incluindo causas infecciosas, autoimunes e traumáticas. Entre os casos de pericardite pós-traumática, uma complicação rara, porém relevante, é o pneumopericárdio, caracterizado pela presença de ar no espaço pericárdico. O pneumopericárdio pode estar associado a traumas torácicos significativos, frequentemente acompanhados por pneumotórax, pneumomediastino e fraturas costais. Esse achado, embora incomum, tem grande relevância clínica, pois pode evoluir com tamponamento cardíaco. Apresentamos o caso de um paciente com pericardite pós-traumática, pneumopericárdio e lesões torácicas após um acidente automobilístico, abordando a evolução clínica e a conduta terapêutica.
Paciente masculino, 40 anos, foi admitido em hospital terciário após acidente automobilístico, evoluindo com dor torácica intensa, fraturas costais e pneumotórax. Vem transferido de serviço externo com suspeita de síndrome coronariana aguda (SCA) com supra de ST. Na admissão, apresentava-se estável, com atrito pericárdico e murmúrio vesicular reduzido. Eletrocardiograma (ECG) revelou supra de ST difuso e infra de PR, aventada hipótese de pericardite traumática, exames iniciais mostraram troponina negativa e PCR elevada. Tomografias evidenciaram pneumopericárdio, pneumomediastino e fraturas costais.
O ecocardiograma mostrou fração de ejeção preservada e derrame pericárdico discreto. Exames seriados de troponina descartaram contusão miocárdica. O paciente recebeu tratamento conservador. Após quatro dias, recebeu alta hospitalar com analgesia e orientações de sinais de alarme. No seguimento ambulatorial, relatou dor torácica leve. Nova angiotomografia revelou resolução completa do pneumopericárdio e melhora significativa do pneumotórax e pneumomediastino e coronárias sem lesões obstrutivas. O paciente manteve evolução favorável sem complicações adicionais.