Introdução: A incidência de infarto agudo do miocárdio em idade muito jovem está aumentando, porém sem evidências claras sobre etiologia, tratamento e prevenção secundária. Diante disto, o objetivo deste relato é aprimorar a investigação etiológica já que há poucos estudos relacionados a este tópico.
Apresentação do caso: Paciente de 25 anos, estudante, sexo masculino, natural e procedente de São Paulo compareceu em pronto atendimento com quadro de dor torácica em aperto, súbita, que irradiava para membros superiores, com intensidade 10/10 e duração de 15 minutos. Negou tabagismo, comorbidades prévias, uso de drogas ilícitas ou anabolizantes. Etilismo social. Antecedente familiar pai falecido por AVC hemorrágico aos 60 anos, hipertenso e diabético, e mãe hipertensa. Exame físico sem alterações. Foi submetido a eletrocardiograma que evidenciou supradesnivelamento do segmento ST em parede inferior, sendo administrado AAS, clopidogrel, enoxaparina e trombólise com tenecteplase sem critérios de reperfusão. Após isto, apresentou PCR em taquicardia ventricular, sendo necessário desfibrilação com retorno ao ritmo sinusal. Encaminhado para hospital terciário onde realizou cateterismo cardíaco identificando oclusão distal em artéria marginal fina, sendo optado por tratamento clínico otimizado e investigação etiológica ambulatorial. Nesta, provas reumatológicas e para trombofilia foram negativas, urina 1 sem alterações, proteinúria de 24hs de 0,16g, US de rins e vias urinárias sem alterações, angiotomografia da aorta torácica, abdominal e seus vasos com dimensões preservadas, sem aneurismas ou estenoses. Em ecocardiograma transtorácico foi evidenciado fração de ejeção de 55% e acinesia lateral médio-apical. Na ressonância magnética cardíaca evidenciou-se miocardiopatia isquêmica com realce tardio transmural, com algum potencial de recuperação contrátil no território irrigado usualmente pela coronária direita ou circunflexa. Após 1,5 ano, paciente evolui sem recorrência de evento, está em uso de enalapril, bisoprolol, atorvastatina e varfarina, e a nova angioTC de coronárias não demonstrou estenoses, inclusive na artéria ocluída no evento.
Conclusão: Após investigação extensa das principais hipóteses diagnósticas, incluindo doença aterosclerótica, vasculites, doenças reumatológicas, abuso de substâncias, e, apesar de testes avaliando trombofilia negativos, não se pode excluir este diagnóstico. Assim sendo, mantivemos tratamento com anticoagulação plena.
