Introdução:
A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica de natureza grave e progressiva, cujo manejo terapêutico baseia-se na otimização da terapia quádrupla. Entre os agentes vasodilatadores com impacto na redução da mortalidade, destacam-se os inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA), bloqueadores dos receptores de angiotensina II (BRA), a associação hidralazina + nitrato e a combinação sacubitril + valsartana. Embora a otimização da terapia vasodilatadora seja frequentemente considerada quando a dose máxima de um dos vasodilatadores é alcançada, há evidências sugerindo que a vasodilatação máxima guiada pela máxima dose que o paciente tolera, inclusive com a associação hidralazina + nitrato, pode conferir benefícios adicionais aos pacientes com IC.
Objetivo:
Avaliar os efeitos da vasodilatação máxima na terapia da Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Reduzida (ICFER) através da redução do risco de progressão para Worsening Heart Failure e melhora da Classe Funcional dos pacientes.
Método:
Estudo prospectivo, observacional, randomizado, aberto, unicêntrico que incluiu 685 pacientes com ICFER, divididos em 2 grupos: Terapia da IC guiada por vasodilatação máxima versus Terapia da IC não guiada pela vasodilatação máxima, com um follow up de 2 anos. Foi considerada vasodilatação máxima a dose máxima tolerada dos vasodilatadores modificadores de vida na ICFER, como IECA/BRA, Sacubitril com Valsartana com a associação Hidralazina + Nitrato.
Resultados:
Dos 685 pacientes incluídos no estudo e randomizados, 192 (2,8%) receberam terapia para insuficiência cardíaca (IC) guiada por vasodilatação não máxima, enquanto 493 pacientes foram submetidos a terapia guiada por vasodilatação máxima. No grupo de vasodilatação não máxima, 25% dos pacientes apresentaram piora da insuficiência cardíaca (Worsening Heart Failure – WHF). No grupo submetido à vasodilatação máxima, 16 pacientes (3,2%) evoluíram com WHF, resultando em uma redução de 24% no risco de piora da IC com a estratégia de vasodilatação máxima (HR: 0,76; IC 95%: 0,40-0,82; p<0,0001).
No desfecho secundário, a estratégia de vasodilatação máxima resultou em uma redução de 15% no risco de piora da classe funcional da IC (HR: 0,85; IC 95%: 0,50-0,92; p<0,0001).
Conclusões:
A vasodilatação máxima na ICFER, reduziu o risco de WHF e piora da classe funcional com significância estatística. Este estudo é um piloto que demonstra a necessidade da vasodilatação máxima como alvo para melhora de desfechos prognósticos numa doença de alta morbimortalidade como a insuficiência cardíaca.