INTRODUÇÃO: As doenças valvares aórticas têm alta morbimortalidade e diagnóstico crescente pelo aumento da expectativa de vida. O diagnóstico precoce é crucial, pois o tratamento definitivo é geralmente cirúrgico. A avaliação por imagem é essencial para determinar a gravidade e planejar o tratamento. O Ecocardiograma (ETT) é o padrão ouro para avaliar anatomia e função valvar, mas a Ressonância Magnética Cardíaca (RMC) tem mostrado boa acurácia, especialmente em casos com limitações do ETT. Este relato aborda a importância da RMC no contexto de lesão valvar aórtica.
RELATO DO CASO: Paciente de 53 anos foi atendido com queixa de precordialgia com Troponina e ECG sem alterações, considerado Angina Instável de alto risco. A cineangiocoronariografia não revelou obstruções coronárias, mas mostrou calcificação valvar aórtica. O ETT mostrou dilatação das cavidades esquerdas, disfunção sistólica leve do ventrículo esquerdo (FEVE=42%) com alteração segmentar da contratilidade, fibrocalcificação moderada da valva aórtica (gradiente sistólico médio de 40 mmHg e área valvar de 1,0 cm²) e insuficiência aórtica moderada com jato excêntrico. Por limitação da janela acústica do ETT, foi realizada a RMC. A cineRM revelou valva aórtica trivalvular fibrocalcificada com redução de sua abertura e jato de insuficiência (fig 1A), área valvar indexada de 0,71 cm² calculada pela planimetria (fig 1B). A sequência de phase contrast indicou velocidade de pico de 4,76 m/s (fig 1C) e insuficiência importante (fração regurgitante de 63%) (fig 1D). A análise do realce tardio mostrou realce tardio subendocárdico focal na parede inferior do VE que pode corresponder a pequeno infarto cardio-embólico (fig 1E e 1F).
DISCUSSÃO: A tecnologia de imagem cardíaca evoluiu, permitindo imagens detalhadas das válvulas e miocárdio. Embora a RMC tenha limitações operacionais, estas são atenuadas com melhorias nos protocolos de aquisição. As vantagens da RMC sobre o ETT incluem a capacidade de quantificar a área valvar e a fração regurgitante com precisão, especialmente em pacientes com janelas acústicas limitadas, jatos excêntricos e múltiplos. A RMC permite adicionalmente a caracterização da fibrose miocárdica com a técnica de realce tardio.
CONCLUSÃO: O diagnóstico das valvopatias aórticas continuam a evoluir com novas tecnologias. Embora o ETT seja fundamental na investigação inicial, a RMC se posiciona como uma importante alternativa diagnóstica e de planejamento cirúrgico, especialmente quando o ETT é inconclusivo e também na avaliação do realce tardio em pacientes com fração de ejeção reduzida.