Introdução: O tabagismo e o etilismo são fatores de risco para doenças cardiovasculares. A intersecção com transtornos mentais, especialmente os relacionados ao trabalho, impacta significativamente na saúde e qualidade de vida dos indivíduos, muitas vezes exacerbando o risco cardiovascular. O território é um dos fatores determinantes para os padrões de uso do tabaco e do álcool. Objetivo: Identificar e comparar os índices de tabagismo e etilismo em pacientes com transtornos mentais relacionados ao trabalho em cidades do litoral e interior de São Paulo. Métodos: Estudo ecológico, de corte transversal, realizado entre 2014 e 2024, com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) sobre casos de transtornos mentais relacionados ao trabalho. Os municípios do litoral e do Interior foram selecionados por similaridade (Índice de Desenvolvimento Humano - IDH, serviços de saúde, educação, extensão e setor produtivo). Foram avaliadas a prevalência de tabagismo e etilismo, faixa etária, sexo, cor da pele e escolaridade. A associação entre as variáveis foi analisada por meio de regressão logística binária no programa estatístico SPSS, versão 15.0. Resultados: Foram registrados 467 casos de transtornos mentais relacionados ao trabalho, com predomínio no litoral (76,7%). Os transtornos neuróticos/relacionados ao estresse/somatoformes foram os mais comuns (67,7%). A localização geográfica influenciou significativamente o consumo de tabaco e álcool (B = 1,371; OR = 3,938; p < 0,001). O sexo feminino predominou no consumo em ambos os locais (63,3% no litoral e 58,3% no interior; B = 3,044; OR = 4,985; p < 0,001). O consumo dessas substâncias se mostrou maior em adultos (65% no litoral e 83,3% no interior), indivíduos autodeclarados brancos (63,3% no litoral e 58,3% no interior) e com ensino médio ou superior (68,3% no litoral e 75% no interior), contudo, não houve associação estatisticamente significativa entre raça, idade e escolaridade e o consumo de tabaco e álcool (p > 0,05). Conclusão: Os índices de tabagismo e etilismo refletem a vulnerabilidades regionais, ressaltando a necessidade de intervenções voltadas à redução desses fatores de risco cardiovascular. Os achados destacam a importância de estratégias multiprofissionais adaptadas às particularidades territoriais para redução do tabagismo e etilismo.