Introdução: A maioria dos pacientes com dor torácica atendidos em centros não referenciados tem moderada/baixa probabilidade de síndrome coronária aguda (SCA). Existe pouca informação sobre o perfil epidemiológico em centros de dor torácica (CDT) referenciados e se os serviços de regulação são capazes de encaminhar efetivamente pacientes com alta probabilidade.
Objetivo: Avaliar as características epidemiológicas em um CDT referenciado (102 municípios) e a probabilidade dos sintomas e sinais serem devido a uma SCA secundária a doença arterial coronariana (DAC), de acordo com a classificação de Braunwald.
Métodos: Foram avaliados retrospectivamente 8.423 pacientes (2016-2021) de um banco de dados prospectivo do CDT composto por dados da ficha eletrônica de dor torácica. O sistema possui algoritmos para determinação da probabilidade de SCA e é capaz de identificar elevações significativas de troponina, avaliar deltas e curvas, e identificar a presença de critérios diagnósticos de infarto de acordo com a Quarta Definição Universal de Infarto.
Resultados: Alta probabilidade de SCA ocorreu em 58% dos pacientes, intermediária em 25,5% e baixa em 16,5%. A maioria eram idosos (60%), 56,8% homens e 83,8% apresentavam pelo menos um fator de risco: hipertensão arterial (66,5%), diabetes mellitus (26,9%), dislipidemia (21,9%), tabagismo (22,4%), sedentarismo (22,8%), antecedente familiar de DAC precoce (5,9%), forte estresse emocional (5,7%), doença vascular periférica (3,3%), doença renal crônica (3,9%) e DAC prévia (27,4%).
Conclusão: Concluímos que a maioria dos pacientes foram classificados como alta probabilidade, o que sugere que foram adequadamente referenciados. Os pacientes eram majoritariamente idosos e com alta prevalência de fatores de risco.