Introdução: Evidências sugerem que, em condição de obesidade, o modo que a gordura é distribuída nos depósitos corporais, pode desempenhar um papel crítico no desenvolvimento de doenças cardíacas. A região visceral é relatada como a que maior representa risco, uma vez que possui grande quantidade de células do sistema imunológico secretoras de citocinas pro - inflamatórias. Portanto, outros depósitos de gordura expandem à medida que a obesidade se agrava, podendo também comprometer o desempenho do coração. Objetivo: Correlacionar o peso dos diferentes depósitos de gordura com indicadores de ecocardiográficos em ratos obesos com remodelação cardíaca. Métodos: Foram utilizados ratos Wistar machos distribuídos em 2 grupos (n=10) para receberem dieta controle e dieta rica em açúcar simples e gordura saturada, por 30 semanas. No fim do experimento, foi realizado o ecocardiograma e, em seguida, após anestesia, os animais foram eutanasiados. Foram coletados e pesados os depósitos de gordura: visceral (TAV), retroperitonial (TAR), e epididimal (TAE). (CEUA: 1393/2021). Análise estatística: Os dados foram analisados pelo teste t de Student para comparação entre grupos e as correlações entre o peso dos depósitos de gordura e os parâmetros ecocardiográficos foram avaliadas por regressão linear. Resultados: Os animais obesos apresentram remodelamento cardíaco (Tabela 1) e maior quantidade de gordura em todos os depósitos em relação ao grupo controle (p<0, 001). A correlação linear se mostrou positiva para EDPP (TAV: r=0.589, p=0.006; TAR: r=0.550, p=0.012), EDSIV (TAV: r=0.529, p=0.017; TAR: r=0.503, p=0.027) e E/E' (TAV: r=0.524, p=0.018; TAR: r=0.502, p=0.024). Em contrapartida, observou-se correlação negativa entre fração de ejeção (TAV: r=-0.637, p=0.003; TAR: r=-0.690, p=0.001; TAE: r=-0.566, p=0.009) e % encurtamento endocárdico (TAV: r=-0.708, p<0.001; TAR: r=-0.728, p<0.001; TAE: r=-0.532, p=0.016). O TAE apresentou correlação menos significativa com os parâmetros analisados. Conclusão: O remodelamento cardíaco na obesidade não está restrito apenas ao acúmulo de gordura na região visceral e sim em todos os locais, reforçando a importância da avaliação de diferentes compartimentos adiposos na obesidade e suas repercussões cardíacas.