Introdução: A prevalência de “Myocardial infarction with non obstructive coronary arteries" (MINOCA) dentre os pacientes que apresentam infarto agudo do miocárdio (IAM) é baixa (cerca de 5%) e, por ser uma doença muito heterogênea e com diferentes causas possíveis, os dados de prognóstico são limitados; mas uma meta-análise de Pasupathy S et al., observou uma mortalidade por todas as causas em 12 meses de 4,7%, comparada a 6,7% em pacientes com IAM com obstrução coronariana. Além disso, o estudo SWEDEHEART observou uma prevalência de IC após MINOCA de 6,4% e este foi um preditor de pior prognóstico. Relato do Caso: Paciente do sexo masculino, 52 anos, com histórico de IAM em 2011, na ocasião tendo realizado cateterismo cardíaco o qual constatou ausência de lesões obstrutivas, bem como uma ressonância magnética cardíaca compatível com sequela de IAM prévio e fração de ejeção de 31%. Sendo assim, definido como um caso de MINOCA. Após este episódio, evoluiu com insuficiência cardíaca (IC) e manteve seguimento em nosso serviço. Durante o seguimento foram realizados alguns testes cardiopulmonares, sendo o mais recente em 2022 com VO2 máximo 16,3 ml.kg (36% VO2 predito) e restrição moderada de capacidade funcional. Apesar do seguimento frequente num serviço especializado e terapia medicamentosa otimizada, o mesmo apresenta descompensação de IC em perfil C e necessidade de internação em Julho de 2023 e uso de dobutamina (INTERMACS 3). Paciente foi incluído na lista de transplante em Agosto de 2023, sendo realizado em Setembro de 2023. Evoluiu com melhora clínica e recebeu alta hospitalar após duas semanas, em uso de imunossupressão. Na última consulta, em dezembro de 2024, o paciente mantinha-se clinicamente estável e assintomático do ponto de vista cardiovascular. Conclusão: Este caso ilustra a evolução de um paciente com IC avançada secundária a MINOCA, com necessidade de transplante cardíaco. Cabe ressaltar a importância de realizar corretamente o diagnóstico de MINOCA, manter o acompanhamento destes pacientes e considerar transplante cardíaco para pacientes que evoluem para IC avançada. Além disso, este caso ilustra que a ausência de obstrução coronariana não significa necessariamente uma evolução favorável do paciente.