Em um contexto em que os profissionais de saúde são esperados para promover
práticas saudáveis e servir como modelos de autocuidado, os dados sobre saúde
cardiovascular e hábitos de vida entre estudantes de medicina levantam
preocupações. Como futuros médicos, espera-se que eles orientem seus pacientes
sobre prevenção e bem-estar. Contudo, as demandas da formação médica, o estresse
constante e a pressão para atender a altas expectativas tornam o autocuidado um
desafio, expondo-os a comportamentos de risco. Este estudo avaliou o conhecimento
e a autopercepção dos estudantes em relação a fatores de risco cardiovasculares,
identificando lacunas e intervenções necessárias para promover sua saúde. A
pesquisa, de caráter observacional e transversal, aplicou questionários anônimos a
288 estudantes de uma universidade do interior, investigando idade, gênero, histórico
familiar de doenças cardiovasculares, consumo de tabaco e álcool, atividade física,
autopercepção de estresse e hábitos alimentares. A amostra foi segmentada por fase
acadêmica (básico ou clínico), faixa etária (30 anos) e
gênero, e as análises estatísticas incluíram o teste qui-quadrado de Pearson e o teste
exato de Fisher. Os resultados mostraram que 59,4% dos estudantes se declararam
estressados, com maior prevalência entre mulheres (67,4%) em relação aos homens
(45,2%). Estudantes no ciclo clínico, lidando com carga acadêmica intensa,
apresentaram níveis de estresse 9,6% superiores ao ciclo básico. Quanto à atividade
física, 62,5% realizavam pelo menos 150 minutos semanais de exercício, enquanto
37,5% não mantinham rotina regular. Em relação à dieta, 67,7% seguiam uma
alimentação balanceada, enquanto 32,3% consumiam alimentos ultraprocessados.
Sobre perfis lipídicos, 6,3% tinham LDL elevado e 5,2% registraram HDL abaixo do
ideal. O consumo de substâncias foi significativo: 14,9% admitiram fumar e 13,2%
relataram uso regular de álcool, ambos associados ao estresse. Entre os estudantes
que consumiam tabaco e álcool, 100% relataram estresse, com o consumo de álcool
sendo 11,3% maior no ciclo clínico. Esses dados sugerem uma relação entre estresse,
comportamentos de risco e saúde cardiovascular, apontando para a necessidade de
abordagens educativas focadas em autocuidado.