Introdução: A cardiopatia reumática é responsável, anualmente, por mais de 300 mil mortes no mundo, particularmente em países de baixa e média renda, contudo é uma causa prevenível de morte e de incapacidades no sistema cardiovascular. Comumente, o acometimento cardíaco envolve lesões valvulares. A Organização Mundial de Saúde e a Federação Mundial do Coração estimam uma redução de 25% na mortalidade por aspectos cardiovasculares, abrangendo a doença reumática cardíaca até 2025. No Brasil, tal patologia gera demasiados gastos com as internações e assistência necessária, principalmente na região Sudeste e, apesar das iniciativas regionais que visam a prevenção, a incidência dessa enfermidade permanece elevada.
Métodos: Estudo transversal, descritivo de abordagem quantitativa, com dados epidemiológicos obtidos através do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), por meio da plataforma do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), referentes ao período de 2020 a 2024. Os participantes foram indivíduos brasileiros residentes do estado de São Paulo. As variáveis utilizadas foram o sexo, a raça/cor e a faixa etária.
Resultados: Ao todo foram constatadas 5.832 internações por doença cardíaca reumática crônica. Destas, 820 ocorreram em 2020, 905 em 2021, 1.223 em 2022, 1.481 em 2023 e 1.403 em 2024. Majoritariamente, houve um aumento no número de casos de, aproximadamente, 10%. Em relação ao sexo, as mulheres corresponderam a 63,4% dos casos. A distribuição por raça/cor demonstrou maior incidência entre brancos (72,3%), seguido de pardos (18,3%), pretos (7,6%), amarelos (0,4%) e indígenas (0,03%). Outrossim, a faixa etária mais acometida foi entre os 60 aos 69 anos, com um total de 1.550 casos. Houve uma crescente nas internações a partir dos 5 anos de idade até os 69 anos, depois desse período observa-se uma decrescente no número de casos.
Conclusões: O estudo demonstrou que, no período analisado, houve uma crescente no número de internações por doença cardíaca reumática crônica no estado de São Paulo. Ademais, nota-se que essa cardiopatia detém de uma maior prevalência na população correspondente a faixa etária dos 60 a 69 anos, do sexo feminino e de cor/raça branca. Além disso, é relevante destacar que essa pesquisa apresenta limitações, como a subnotificação das internações e a incapacidade da determinação concreta de causas e respectivas consequências. Dessa maneira, torna-se essencial haver a realização de novos estudos com intuito de esclarecer esses acontecimentos e seus diversos efeitos na população brasileira.