Introdução:
A ruptura de placas ateroscleróticas constitui o principal mecanismo lesão coronariana aguda, resultando na elevação de enzimas cardíacas e na ocorrência de Infarto Agudo do Miocárdio, uma das principais causas de insuficiência cardíaca (IC) no Brasil. Contudo, essas enzimas podem se elevar em outros contextos, configurando TINOCA (Troponin Increase With Nonobstructive Coronary Arteries). De etiologia multifatorial, apresenta prognóstico ainda incerto, podendo evoluir com disfunção ventricular
Objetivo:
O presente estudo tem como objetivo avaliar e comparar o perfil clínico e o tempo de internação de pacientes diagnosticados com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER) de origem isquêmica em um hospital terciário de referência em cardiologia.
Método:
Trata-se de um estudo observacional, descritivo, com base na análise de prontuários médicos de pacientes admitidos em hospital terciário com diagnóstico de ICFER de origem isquêmica, seja por ruptura de placas ateroscleróticas ou por TINOCA (lesão miocárdica sem obstrução coronariana grave, estenose menor que 50%).
Resultados:
Dos 93 pacientes do grupo com ruptura de placas ateroscleróticas, 70 apresentavam hipertensão arterial sistêmica, 63 eram diabéticos e 20 apresentavam histórico familiar de Doença Arterial Coronária (DAC) precoce. Entre os 62 pacientes diagnosticados com TINOCA, Desses, 24,5% tinham histórico familiar de DAC precoce, 35,4% haviam apresentado IAM prévio há mais de um ano, e 6,5% tiveram morte súbita abortada como primeira manifestação clínica de TINOCA. Do total de pacientes, 30,5% eram diabéticos e 91% dislipidêmicos. Em relação à fração de ejeção, 87,5% dos pacientes com TINOCA apresentaram FE < 40% após o evento. Além disso, 10,5% eram tabagistas, e 67,5% exibiram alterações inespecíficas no eletrocardiograma.
Conclusão:
A insuficiência cardíaca representa uma condição de alta morbimortalidade, impactando significativamente o prognóstico dos pacientes. A etiologia isquêmica secundária à ruptura de placas ateroscleróticas continua sendo a mais prevalente; no entanto, os achados referentes à TINOCA evidenciam que esta não deve ser subestimada, pois pode se manifestar com ampla variabilidade clínica e apresentar prognóstico semelhante ao da insuficiência cardíaca de origem aterosclerótica. A comparação entre os grupos revelou semelhança no tempo de internação, ressaltando a necessidade de uma investigação criteriosa do TINOCA no momento da admissão hospitalar, visando otimizar o manejo clínico e os desfechos desses pacientes.
