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Átrio em coco em paciente com estenose mitral reumática

Eduardo Albanske Raboni, Letícia Piovesana Devito, Alexandre Lima Machado, Luiz Gustavo Zacarias Bizinoto, Almeida Ana Manuel, Renato Paladino Nemoto, Guilherme Sobreira Spina, Antonio Sérgio de Santis Andrade Lopes, Roney Orismar Sampaio, Flávio Tarasoutchi
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

INTRODUÇÃO: A calcificação atrial distrófica, conhecida como átrio em coco ou átrio em porcelana, é uma condição rara caracterizada por extensa calcificação da parede atrial, mais comumente do átrio esquerdo (AE). Sua etiologia não é bem definida, mas pode impactar em procedimentos cirúrgicos cardíacos.

RELATO DE CASO: Paciente feminina, 61 anos, com estenose mitral reumática, submetida previamente a comissurotomia e papilotomia mitral há 19 anos, evoluindo novamente com estenose mitral importante, hipertensão pulmonar e indicação de intervenção mitral. Apresentava fibrilação atrial permanente, doença arterial coronariana, hipertensão arterial sistêmica, tabagismo e acidente vascular cerebral isquêmico. Nos exames pré-operatórios, foi identificada extensa calcificação circunferencial do AE por radiografia e tomografia de tórax, compatível com calcificação atrial distrófica. A troca valvar foi realizada sem intercorrências cirúrgicas.

DISCUSSÃO: Descrita em 1898, a calcificação do AE pode acometer segmentos isolados ou toda a parede atrial, sendo então denominada átrio em porcelana. Sua prevalência é desconhecida, sendo raramente relatada na literatura. Relaciona-se à doença valvar reumática, intervenções valvares prévias e doença renal crônica, com predileção pelo sexo feminino e apresentação entre a quinta e sexta décadas. A fisiopatologia envolve processos inflamatórios, degenerativos e remodelamento fibrótico por disfunção do endocárdio secundária à sobrecarga pressórica do AE, resultando na deposição de cálcio na parede atrial. As consequências incluem comprometimento da complacência atrial, aumento das pressões de enchimento do AE, hipertensão pulmonar, disfunção de câmaras direitas, calcificação da valva mitral, prejuízo do enchimento ventricular esquerdo, risco tromboembólico elevado, arritmias e dificuldade técnica em cirurgias. O tratamento é predominantemente conservador, com abordagem cirúrgica reservada para casos selecionados, especialmente durante correção da valvopatia de base.

CONCLUSÃO: O átrio em coco é uma condição rara associada a valvopatias crônicas reumáticas e intervenções cardíacas prévias, podendo levar a complicações hemodinâmicas, arritmias e risco tromboembólico aumentado. Seu reconhecimento é essencial para estratificação de risco e planejamento terapêutico, sendo uma potencial contraindicação à cirurgia mitral.

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