INTRODUÇÃO: A Insuficiência Cardíaca (IC) é uma das principais causas de mortalidade cardiovascular. No País, impacta especialmente mulheres, que apresentam particularidades nos fatores de risco e desfechos. Estudos ressaltam a necessidade de análises específicas, considerando mudanças epidemiológicas e sociais. Este estudo traça um perfil detalhado dos óbitos por IC em mulheres no Brasil entre 2014 e 2023. METODOLOGIA: Foram analisados dados do DATASUS sobre mortalidade por IC em mulheres, estratificados por região, raça/cor, escolaridade, estado civil e faixa etária. RESULTADOS: Entre 2014 e 2023, ocorreram 149.485 óbitos femininos por IC. O Sudeste concentrou o maior número (74.583), seguido pelo Nordeste (33.987), Sul (25.891), Norte (6.992) e Centro-Oeste (8.032). O período pandêmico (2020-2022) registrou aumento expressivo de óbitos, com picos em 2021 (16.328) e 2022 (17.503), refletindo possivelmente o impacto da COVID-19 na saúde cardiovascular. Mulheres brancas representaram a maioria dos óbitos (84.393), seguidas por pardas (46.933) e pretas (12.830). No Sudeste, as mulheres brancas predominaram (55%), enquanto no Nordeste as pardas foram mais afetadas (41%). A escolaridade mostrou-se fator relevante: mulheres sem escolaridade representavam 25% dos óbitos (37.447), enquanto aquelas com 12 anos ou mais de estudo somaram 2,6% (3.920). O aumento do grau de escolaridade esteve associado à redução da mortalidade. Quanto ao estado civil, mulheres viúvas foram as mais afetadas (74.596 óbitos), especialmente no Sudeste (52,8%). A maioria dos óbitos ocorreu em mulheres com 80 anos ou mais (53,6%), com crescimento progressivo a cada década. CONCLUSÃO: A mortalidade por IC em mulheres no Brasil reflete desigualdades regionais, raciais, educacionais e socioeconômicas. A escolaridade mostrou possível efeito protetor e a tendência linear de óbitos no público senil reforça a importância de medidas preventivas e cuidados especiais na população idosa. Ademais, a maior ocorrência de óbitos por IC em viúvas pode estar associada a vulnerabilidade socioeconômica destas mulheres. Por conseguinte, verifica-se a necessidade de políticas públicas de saúde e educação direcionadas às distintas realidades territoriais, sociais e econômicas do País em especial por intermédio do Ministério das Mulheres associada ao Ministério da Saúde para enfrentamento desta comorbidade de alta prevalência no sexo feminino.