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Igualdade racial insuficiente: uma nova perspectiva epidemiológica da mortalidade por insuficiência cardíaca no Brasil.

Talles Levi Pereira Nogueira, Michele Nascimento Assad, João Cleiton Martins Rodrigues, Andreia Di Paula Costa Melo, Glauber Arthur Vieira dos Santos, Michel Frank da Cunha Holanda, Fernando M Coutinho
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ - Belém - PA - Brasil

INTRODUÇÃO: Insuficiência Cardíaca (IC) é uma importante causa de mortalidade e necessita de assistência específica, rigorosa e de alto custo. No Brasil, a desigualdade racial afeta vários setores, incluindo a saúde, neste contexto o estudo atual descreve o perfil epidemiológico dos óbitos por IC comparando o impacto racial. MÉTODOS: Estudo ecológico descritivo, usando dados de mortalidade por IC entre 2014-2023, disponíveis na plataforma DATASUS. A análise foi baseada na população negra (cor autodeclarada preta e parda, de acordo com o IBGE) comparada com a não negra (branca, amarela, índigena e ignorada).  RESULTADOS: Foram registrados 162.638 óbitos por IC em indivíduos não negros e 124.542 óbitos em pretos/pardos. Quanto a distribuição regional, o Sudeste apresentou o maior número de óbitos em não negros (54,6%) e 40,5% em negros, o Nordeste representou 38,6% dos óbitos de negros, mas 13% em não negros. Em todas regiões, ambos os grupos tiveram tendência de aumento de óbitos, com pico em 2022 e leve diminuição em 2023, mas com disparidades: no Sudeste, ocorreu aumento de 45% de óbitos em negros e 10% em não negros. Na análise por faixa etária, pretos/pardos tiveram 8,5% dos óbitos (10.599) em indivíduos ≤ 50 anos, mais que o dobro da proporção em não negros (4,1%). Na faixa de 30-39 anos, pretos/pardos registraram 2.307 óbitos, 120% a mais que não negros (1.068), e no Norte a diferença é de 580% a mais, padrão repetido na faixa etária de 20-29 anos.Em não negros, a faixa etária a partir de 80 anos representou 53% dos óbitos (vs 37,6% em pretos/pardos). Não negros apresentaram predomínio feminino de óbitos (55% vs. 44,8%), enquanto em negros a proporção foi 51,9% em homens e 48% em mulheres. O número de óbitos sem escolaridade foi de 29,8% em pretos/pardos e 16,1% em não negros. 1,6% com 12 anos de estudo (contra 4,6% em brancos). A escolaridade teve correlação protetora em ambos, mas em negros, ter 12 ou mais anos de escolaridade se relacionou com uma redução de 82,68% de óbitos (vs 62,1%). CONCLUSÃO: A desigualdade racial apresenta impactos no perfil de mortalidade por IC. Pessoas negras tem maior risco de óbito < 50 anos, enquanto não negras seguem a tendência global de óbitos na faixa idosa. Os dados também indicam que a tendencia de crescimento de mortalidade varia entre as populações e regiões. Além disso, o impacto da escolaridade, especialmente para negros, deve ser destacado. Tais dados mostram a necessidade de políticas públicas educacionais e assistencias em saúde para a lidar com a desigualdade racial em diferentes regiões.

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